quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Passion 2017 - sessão 2 - John Piper



Passion 2017 – Sessão 2 (3 de janeiro, 10h 15min, Atlanta, EUA)
www.268generation.com
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A essência mais profunda do mal[1]
Pregação por: John Piper
Baseado em transcrição editada e traduzida por: Rodrigo B.

Vocês podem orar comigo?

“ ‘Se vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir.’ Então, Pai, eu peço por mim mesmo, que eu seja cheio do Espírito Santo, e peço por esses amigos aqui presentes, que o Senhor lhes dê ouvidos para ouvir, lhes dê visão e entendimento, lhes dê capacidade para reagir adequadamente ao que ouvirão. Em nome de Jesus, amém.”

Quero falar para vocês sobre a essência mais profunda do mal. E, para que vocês não pensem que falar sobre isso vai ser uma coisa abstrata... ou confusa, distante, teórica... o que estou querendo dizer é: a essência do seu[2] mal, da sua maldade. As coisas más que praticamos, você e eu, todos os dias. As coisas que pensamos, os comportamentos que temos, as ações que praticamos, todas essas coisas que chamamos de más, de maldade, de erros. Maldades reais, tangíveis, espalhadas por todo o planeta.

Ou seja, nosso objetivo aqui é descobrir, sobre o mal, qual é: a) sua essência; b) mais profunda. Por “essência”, eu quero dizer o seguinte: distinguir entre a raiz do mal e o seu fruto, seu resultado. Quero saber qual é a fonte de onde o mal flui, o que está por baixo da superfície. Aquilo que está causando o mal. O que é que faz com que o mal seja mal, no fundo, na raiz. E o que eu quero dizer com “mais profunda” é que alcancemos realmente o fundo da questão. Que não haja mais nada por trás nem por baixo, nenhuma outra causa oculta. Que consigamos ver a fonte real e verdadeira que causa o mal. Se você conhece a essência mais profunda do mal, ou seja, o que é, em última instância, o mal, você consegue identificá-lo em qualquer situação que seja, não importando como ele se apresente na superfície. Consegue saber o que faz com que o mal seja mal. É a essência mais profunda de tudo aquilo que chamamos de mal. 

Esse é o nosso alvo, é para lá que estamos nos dirigindo. E vou dizer logo de cara o motivo. Afinal, por que falar logo disso, dentre todos os temas possíveis para se falar...? Bom, eu sei onde estou. Passion 2017. E eu sei quem lidera o Passion e com qual propósito. Por 20 anos, participar disso tem sido um dos maiores privilégios da minha vida. Eu conheço – acho que eu conheço – o coração de Louie Giglio e de sua equipe, aquilo pelo qual eles oram, anseiam e trabalham em toda geração de estudantes universitários. É isto: “oh, Senhor, Seu nome e Seu renome, Sua fama, são o desejo de nossa alma[3]”.  A majestade de Deus, majestade esta capaz de nos satisfazer plenamente – a majestade de Deus em Cristo, resplandecendo em chamas ardentes por todo o mundo, por meio da paixão de vocês, paixão pela beleza e valor insuperáveis e incomparáveis de Jesus Cristo. Esse é o propósito do evento em que nós estamos.

Portanto, vou falar da essência mais profunda do mal porque até que vocês saibam, até que vejam e odeiem isso em seu próprio coração e no mundo, vocês vão inevitavelmente rebaixar e diluir a majestade de Deus. Além disso, vocês vão também, inevitavelmente, minimizar e diminuir o triunfo de Cristo na cruz e na ressurreição. E, em terceiro lugar, se vocês não forem capazes de ver e odiar a essência mais profunda do mal no próprio coração de vocês e no mundo, vocês vão dilacerar e esvaziar a glória da vida cristã que agrada a Deus. O Passion gira em torno da majestade de Deus, do triunfo de Cristo, da glória da vida humana – e, por isso, vocês precisam conhecer e odiar a essência mais profunda do mal.

Esse é novo alvo e vamos fazer assim: tenho 3 passagens das Escrituras. Quando eu terminar de demonstrar a essência mais profunda do mal a partir desses textos bíblicos, vamos voltar e aplicar isso às 3 coisas que mencionei: a majestade de Deus, o triunfo de Cristo e a glória existente na vida cristã. 

Primeira passagem: Jeremias, capítulo 2, versículos 10 a 13. Vocês podem ler no seu celular, bíblia impressa ou acompanhar na tela do estádio. Reparem no seguinte: com o que ele estava horrorizado? ... Por que razão o universo deveria ficar espantado? ... Vamos ler.

10: Atravessem o mar até o litoral de Chipre e vejam; mandem observadores a Quedar e reparem de perto; e vejam se alguma vez aconteceu algo assim:
11: Alguma nação já trocou os seus deuses? E eles nem sequer são deuses! Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é imprestável.
12: Espantem-se diante disso, ó céus! Fiquem horrorizados e abismados", diz o Senhor.
13: "O meu povo cometeu dois males[4]: eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias cisternas, cisternas rachadas que não retêm água.”



Então Deus está dizendo que todo o universo, os céus e as galáxias, deveriam ficar horrorizados! Horrorizados! No versículo 11: “meu povo trocou a sua glória por aquilo que é imprestável”. Meu povo trocou a maravilha da minha glória por coisas que não têm valor algum. Eles trocaram a mansão nos Alpes por um barraco de papelão ao lado do depósito de lixo. E então, no versículo 13, esse estado de horror e choque causado pelo mal é dividido em 2 partes. Olhem só. O meu povo cometeu dois males: 1) eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva!; e 2) continuaram tentando cavar e construir cisternas que não conseguem reter a água! Ou seja, a glória que foi trocada no versículo 11 é chamada, no versículo 13, de “mim”! A fonte de água viva! Eles abandonaram a mim!

Portanto o primeiro grande mal, que deveria deixar o universo abalado, é que Israel perdeu o gosto por Deus...! Como se colocassem uma porção na boca e dissessem: não, eu não quero isso. Simples assim! E o segundo grande mal, no versículo 13, é este: eles cavaram cisternas para si mesmos, cisternas quebradas, rachadas, que não conseguem reter a água. Então eles não apenas viraram as costas para a fonte da vida, da alegria, da satisfação em Deus, como também todas as cisternas que estão construindo nem sequer podiam reter a água! São cisternas quebradas! Ou seja: não têm a fonte, pois o abandonaram; não têm cisternas que funcionam... eles vão morrer! De sede!

A cisterna chamada “dinheiro” está quebrada. A cisterna chamada “sexo” está quebrada. A cisterna chamada “família” está quebrada; não importa quão preciosa ela seja, não pode funcionar como cisterna, não pode reter água. A cisterna chamada “beleza, vigor, força física” está quebrada. A cisterna chamada “sucesso” está quebrada. A cisterna chamada “política” está quebrada. Nenhuma delas é capaz de reter a água da vida. A água da alegria da alma.

Portanto, eis a pergunta: qual é a essência do mal em Jeremias 2:11-13? Colocando as duas metades do versículo 13 juntas, eu responderia assim: a essência do mal é perder o gosto por Deus. ... Ou, invertendo, olhando pelo outro lado da moeda: a essência do mal é preferir qualquer coisa acima de Deus. Essa é a essência de todo o mal que há em vocês. É de onde ele vem. É o que faz o mal ser mal, aquilo que o define como mal.

As cisternas rachadas que nós achamos que são o mal são simplesmente resultados, são frutos! Não são a essência! A essência é: [levando a mão à boca, como se estivesse bebendo, experimentando algo] “eu não... Deus não me dá nenhum prazer! Então pode trazer outras coisas para eu beber, obrigado!” Essa é a essência do mal. Eu não aprecio, eu não me satisfaço, não desfruto, não gosto mais de Deus. Ou talvez nunca tenha gostado. O que eu quero mesmo é uma cisterna que possa reter o que eu quero reter!

Esse foi o texto número 1, aqui está o segundo: Gênesis capítulo 3. Estou tentando testar a mim mesmo agora. Porque isso que disse, acima, foi uma inferência a que eu cheguei a partir do texto de Jeremias. Você pode testar e analisar se isso está condizente com o que o texto diz ou não. Mas agora vamos pegar essa inferência geral e voltar, vamos testar com o pecado original, o primeiro pecado que os seres humanos cometeram na história do mundo. Qual a essência do primeiro pecado que a humanidade cometeu? Porque esse é um bom lugar para testar uma coisa dessas. Um acontecimento importante que chega até você. Você entra no mundo com esse pecado original.

Gênesis, capítulo 3, versículos de 1 a 6, vamos lá:
1: (...) [Satanás] perguntou à mulher: "Foi isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’? "
2: Respondeu a mulher à serpente: "Podemos comer do fruto das árvores do jardim,
3: mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’ ".
4: Disse a serpente à mulher: "Certamente não morrerão!
5: Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal".

Agora, observem o versículo seguinte:
6: Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também e estava com ela[5].

Adão estava com ela! Ele foi conivente, foi seu cúmplice desde o começo. É por isso que Paulo pode dizer o que diz, vamos ver daqui a pouco.

Bom, nós conhecemos um pouco da magnitude desse mal, desse momento na História. Porque em Romanos, capítulo 5, versículo 12, Paulo diz que o pecado entrou no mundo por meio de um homem... e a morte, por meio do pecado. Então a morte se espalhou para bilhões e bilhões e bilhões de pessoas ao longo dos milhares de anos da história do mundo. Porque todos pecaram. Você estava lá…! Você está lá... A magnitude desse mal, portanto, é que: todo ser humano foi contaminado e arruinado pelo primeiro pecado. Aquele pecado se tornou nosso. Você chegou ao mundo totalmente preso por esse pecado. Agora: qual a essência dele?

Qual a essência mais profunda do primeiro pecado, do pecado original que infectou o mundo inteiro? ... Satanás disse nos versículos 4 e 5: “Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal.” ... Qual a essência dessa tentação? Ainda não estamos na essência do mal, mas sim na essência da tentação. Qual a essência dessa tentação? Eis a resposta: Deus está retendo de vocês uma coisa muito, muito boa. Essa é a essência da tentação original, causadora da ruína da humanidade. É a essência de todas as tentações! Deus vai impedir que você tenha uma coisa muito boa, que te daria muita satisfação. Agora, qual a essência do pecado, que vem a seguir? Você pode ver por si mesmo no versículo 6.

Vamos ver. Qual é a dinâmica do pecado de Eva, do pecado de Adão? “Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que comeu também...”. Vou dizer essas 3 coisas de novo. Observem o que está acontecendo no coração humano, que dá origem a um ato.

[com alegria:] Essa comida é muito boa! É deliciosa, nutritiva, dá pra ver isso...!
[com raiva:] ...e ele não me deixa comer!!... Ele não me deixa comer.

[com alegria:] Isso é lindo! Que agradável de olhar...!
[com raiva:] ...e Deus quer que eu fique longe disso!!

O que está acontecendo aqui no coração? O nome disso é PERVERSIDADE! É a origem de toda a perversidade no mundo! [com raiva:] “Ele não me deixa comer! E é bom, é uma coisa que me satisfaz…” Além disso, é algo muito desejável para me tornar sábio, com entendimento, discernimento. Então temos aqui: 1.) delicioso; 2.) agradável; 3.) desejável; 4.) negado!

Então eles comeram. E o que isso significou? Isso quis dizer o seguinte: NÃO ACEITAREMOS que nos neguem aquilo que desejamos MAIS do que a Deus!

Qual foi, então, a essência do mal, em seu início, no princípio da raça humana? Qual foi a essência da queda da humanidade? Foi o ato de comer o fruto proibido? Não. Músculos na mandíbula, na garganta, os dentes mastigando um objeto da realidade: isso não é a essência de nada! Músculos não são a essência de nada. Ações humanas, envolvendo braços e pernas não são a essência de nada. Vejam que, por exemplo, beijar é algo bom, mas não é a essência do amor! Engolir o fruto proibido é algo mau, mas não é a essência do que aconteceu aqui. Dá para ver, é muito claro. A indignação moral, o horror que aconteceu aqui foi que Adão e Eva desejaram, desejaram, DESEJARAM esse fruto mais do que a Deus! Essa é a essência do mal. Eles se deleitaram mais naquilo que o fruto poderia ser para eles do que naquilo que Deus poderia ser para eles. O ato de comer não foi a essência do mal, pois antes que tivessem comido, já tinham perdido o gosto por Deus. E essa é a maior afronta que existe no universo, de acordo com Jeremias. Eles preferiram alguma outra coisa, e essa é a essência mais profunda do mal.

Agora, alguém poderia dizer (e eu mesmo disse a mim mesmo): espere aí! Não seria a rebelião contra a autoridade de Deus um problema mais profundo e mais primordial do que preferir o fruto e não a Deus? Afinal, fui ensinado que eles desobedeceram, ponto final! Resposta: não! A desobediência à ordem de Deus não é algo mais básico, não é mais fundamental, não é mais profundo do que desejar algo mais do que a Deus. E eis aqui o motivo por que eu enfatizo isso. Enquanto você entender que a essência do bem é a obediência a mandamentos e que a essência do mal é a desobediência a mandamentos, você nunca vai saber por que você faz o que faz. Você nunca vai saber quem você é! Vocês nunca vão ver a grandeza da majestade de Deus, nunca vão ver a plenitude do triunfo de Cristo, nunca saberão de que se trata a glória da vida cristã. Se vocês apenas reduzirem o mal a desobedecer a mandamentos, e o bem a obedecer a mandamentos, nunca entenderão essas coisas! Isso não é a essência, essas coisas são resultados, frutos, são o transbordar desta fonte imunda, que é: preferir qualquer coisa acima de Deus.

Vamos pensar nisso da seguinte forma. Eu quero que vocês entendam! De um lado: obediência aos mandamentos de Deus. Do outro: deleitar-se no caráter de Deus. Entenderam essas duas coisas? Obediência aos mandamentos de Deus; deleitar-se em Deus, no caráter de Deus. Qual dessas duas coisas é mais essencial? Ou seja: qual delas está na raiz da outra? ... Deus pegou o deleite, a alegria, o prazer em Seu próprio caráter... e transformou isso em um mandamento. Salmo 37:4: “Deleite-se no Senhor…”. Agora você tem um mandamento para sentir aquilo, aquele deleite! Observem: Deus não pega coisas neutras (ou coisas ruins) e as transforma em coisas boas ao fazer delas um mandamento! Por Sua própria natureza, e Sua beleza suprema, e Seu supremo valor, é correto deleitar-se nEle acima de todas as coisas – e é por isso que esse mandamento existe. Percebem?! Deus não pega coisas neutras aleatórias, ou coisas ruins, e diz: “ah, acho que vou transformar isso daqui em uma coisa boa!”, e então apenas pega e cria um mandamento para aquilo. Não.

Oras, e a gente fica só nessa coisa externa de “tenho que cumprir os mandamentos, isso é que é bom” – você nem sabe o que “bom” e “bem” significam, se é isso o que você pensa sobre a moralidade.

O mesmo com o mal. De um lado, desobedecer a Deus. Do outro lado, preferir outras coisas acima de Deus. Ele pegou essa última e fez dela um mandamento: “não terás outros deuses além de mim”. Vocês devem me considerar mais valioso que qualquer pessoa. Amem a mim acima de qualquer pessoa. Jesus diz a mesma coisa. Quando Jesus diz: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim.”. É uma ordem! Você tem que se deleitar em Deus, você tem que se deleitar em Jesus, desfrutar de Jesus, se satisfazer em Jesus, mais do que você se deleita em qualquer coisa. Esse é o mandamento. Agora, eu pergunto: Deus fez com que o mal de preferir outras coisas ao invés de preferir a Ele mesmo... Ele transformou isso em mal ao criar um mandamento contra isso? Não! Já era maligno. Antes que houvesse qualquer mandamento, em qualquer lugar do universo, já era MALIGNO preferir qualquer coisa acima de Deus. Apenas acontece agora de isso estar na Bíblia, para nos ajudar, para sabermos que isso é proibido.

Então, não. A desobediência, ou a quebra da Lei, não é a essência mais profunda do mal. Paulo coloca dessa forma em Romanos, capítulo 3, versículo 20:
“pela lei vem o conhecimento do pecado.”
Ou seja, a Lei não faz com que o pecado seja pecado. Ele já está lá! Em você, em mim! Está em nossos desejos! “Eu quero outras coisas mais do que a Deus! Eu tenho mais prazer em estar com outras pessoas do que com Deus.” Essa é a essência mais profunda do mal! E isso dá origem a todo tipo de coisas más.

Mais um texto, o terceiro, para verificar se estamos no caminho certo. Romanos, capítulo 3 (e capítulo 1). Um texto muito conhecido em Romanos 3: o versículo 23.          
“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”
...O que isso significa?... Paulo está falando do pecado, abordando isso em relação a Deus, não em relação às outras pessoas. Todos pecaram E carecem – não têm o suficiente, falharam em atingir o esperado – da glória de Deus! É claro que o pecado machuca as pessoas: o pecado destrói as pessoas, está destruindo o mundo! Entretanto, essa não é a essência do pecado! Mais profundo e pior do que isso é que existe uma preferência por nós mesmos e aquilo que nós queremos mais do que queremos a Deus.

Mas, seria essa uma interpretação correta de Romanos 3:23? Todos pecaram e carecem da glória de Deus. O que significa carecer, nesse contexto? ... Eu acho que a melhor explicação para Romanos 3:23 é Romanos 1:23. Fácil de lembrar: 1:23 define 3:23. Então quero ler os versículos 21 a 23 de Romanos, capítulo 1. Procurem compreender a explicação aqui. Paulo está falando sobre todas as pessoas, em todo o mundo:
21. porque, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram.
22. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos
23. e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis.

Repare o que diz o texto: as pessoas “trocaram a glória do Deus imortal...”. Isso deve fazer você se lembrar de Jeremias 2:11, que lemos no início. ... Portanto, a escuridão do mal é exposta aqui como sendo a troca. Então, vamos imaginar que eu estou segurando aqui em minhas mãos a glória de Deus como o meu tesouro (possivelmente)... e eu contemplo o valor que isso tem, assim como sua beleza e todas as suas qualidades que trazem satisfação à alma. Eu vejo todas essas coisas, analiso e digo: “hum... não. Quero trocar. Trocar por outra coisa. Troco por aquilo que Deus criou. Qualquer coisa, boa ou má, não importa, contanto que não seja Ele.” Quando Romanos 3:23 diz que todos pecaram e carecem da glória de Deus, eu acredito que isso significa: todos carecem de ter a glória de Deus como seu supremo tesouro, carecem de considerá-la de maneira correta, conforme seu real valor. Pois é isso que Romanos 1:23 diz que nós fazemos.

Ou seja, todos vocês nascem em um mundo que está radiante com a glória de Deus. Os céus anunciam a glória de Deus! Vocês vêm à igreja para exaltar Jesus Cristo como aquele que é supremamente glorioso. E a essência mais profunda do mal é que vocês experimentam tudo isso, sentem seu sabor, e vão embora preferindo outras coisas. Essa é a essência mais profunda do mal.

Então aqui está minha conclusão. A essência mais profunda do pecado, em Romanos 1, é o fracasso de não considerar a glória de Deus o tesouro supremo, não considerá-la mais valiosa do que qualquer coisa. A essência do mal, em Jeremias 2, é o fracasso de não considerar a fonte de águas vivas como capaz de satisfazer mais do que qualquer outra coisa no universo. A essência mais profunda do mal, no jardim do Éden, não foi comer o fruto. O estrago havia sido feito antes disso. É a perda do gosto por Deus como fonte de toda vida e alegria, como minha verdadeira vida e minha plena alegria – e a consequente preferência por aquilo que “essa árvore” pode me dar. Quero isso, mais do que quero a Ele. Essa é a essência mais profunda do mal. Ponto final. A não ser que eu não entenda absolutamente nada de Bíblia.

Você tem que decidir agora se você concorda ou não com essas três exposições. Porque isso tem uma importância absolutamente gigantesca.

Então, aqui estão nossas 3 aplicações, para concluir.

Eu disse que o motivo pelo qual estou falando disso no Passion é que até que você veja e odeie isso, que a essência mais profunda do mal na sua vida é preferir qualquer coisa acima de Deus, até que você veja isso, e acorde odiando isso, vá dormir odiando isso... você vai diluir a majestade de Deus, diminuir o triunfo de Cristo e dilacerar e esvaziar a glória da vida cristã. Então vamos tratar de uma de cada vez.

Vamos pensar: por quê? Por que não conseguir enxergar e odiar a essência do mal resulta em não magnificar a Deus? Essa é a primeira aplicação. Resposta: porque a grandeza da majestade de Deus é magnificada não em esforços vazios para cumprir mandamentos. Toda religião faz isso. Isso não faz com Deus seja visto como excelente, apenas faz você ser visto como uma pessoa de moral! Ao invés disso, a grandeza da majestade de Deus é exaltada quando você se satisfaz nEle mais do que em outras coisas! Especialmente quando você está sofrendo. E o que estou dizendo é: você jamais vai dedicar sua vida a magnificá-lO, a mostrar ao mundo quão magnífico Ele realmente é, até que você veja que a essência mais profunda do mal é o fracasso em estar satisfeito em Deus. ... Eu me pergunto quantos de vocês têm tentado ser “bons” sem prestar nenhuma atenção a isso – travando essa batalha apenas no campo das boas ações, o tempo inteiro. “Ah, você não pode fazer isso. O que você tem que fazer é isso aqui. E um pouco mais daquilo. E um pouco menos daquilo outro...” Olha, Satanás está rolando de rir, porque você está lutando em uma frente na qual é impossível vencer. A batalha de verdade é aqui, no seu coração, no profundo do seu coração: O que você ama? Qual o seu tesouro? O que faz com que você se sinta satisfeito, saciado?... Você está lutando essa batalha?! A batalha que dá origem a tudo o que é bom e que mata tudo o que é mau.

Ou seja, o Passion gira em torno da majestade de Deus. E é por isso que tratar desse assunto é relevante. Vocês nunca vão dar muita importância para a majestade de Deus até que vocês saibam e odeiem isto: que a essência mais profunda do mal é preferir qualquer coisa acima de Deus.

Segunda aplicação. O triunfo de Cristo. Até que vocês conheçam e odeiem a essência mais profunda do mal em seu próprio coração, vocês vão diminuir o que Cristo alcançou quando ele morreu e ressuscitou. Vocês vão. Então, vamos pensar: o que foi que ele alcançou? A gente não quer diminuir uma coisa dessas. O que foi que ele alcançou? Bom, vamos fazer uma lista: o perdão dos pecados para o povo dele; a remoção da ira de Deus sobre o povo dele; a vitória sobre a morte e sobre o diabo; a libertação do inferno e do sofrimento eterno; a ressurreição de nossos corpos algum dia; a cura de toda doença e deficiência física e mental; a entrada em novos céus e nova terra... – ele adquiriu essas coisas! Está consumado! Todas as pessoas que estão nEle possuem todas essas coisas.

Agora... não foi para isso, em última instância, que ele morreu. ...Você me pergunta: “como você pode dizer uma coisa dessas?!... perdão dos pecados, remoção da ira, vitória sobre o diabo, livramento do inferno, ressurreição do corpo, cura de toda doença, entrada no céu...”. Não foi por esses motivos que ele morreu! Não em última instância. Vejam que 1 Pedro, capítulo 3, versículo 18, diz o seguinte:
“Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus.”

Para que pudéssemos ver a Deus, conhecê-lO, nos alegrarmos nEle, nos deleitarmos em um relacionamento com Ele, tê-lO como nosso tesouro, para que pudéssemos refleti-lo... Quero dizer, você já parou para pensar nisto: por que você quer perdão para os seus  pecados? ... Por que você quer que a ira seja removida? Por que você quer que a justiça seja imputada a você? Por que você quer escapar das garras do diabo? Por que você quer ser resgatado do inferno? Por que você quer um corpo novo e perfeito? ... Repare que existe uma maneira condenável de se responder a essas perguntas! “Oras, quem é que não quer essas coisas?!” Percebam, você não precisa ser salvo para querer essas coisas! Só um idiota não iria querer escapar do inferno. Idiotas não são cristãos. Mas, então, para que servem todas essas coisas que Cristo alcançou para nós? Todas elas são para nos levar para Deus! A razão pela qual ele morreu, em última instância, foi para nos levar a Deus – e todas essas outras coisas são meios que possibilitam essa razão mais profunda. Essas outras coisas tiram obstáculos do meio do caminho, fazem com que seja possível permanecermos de pé em Sua presença; Ele quer nos levar a Deus, em cuja presença há plenitude de alegria e em cuja destra há delícias perpetuamente[6]. Vocês jamais vão ver e saborear isso como o mais profundo triunfo da cruz de Cristo se vocês não reconhecerem e odiarem que a essência mais profunda do mal na vida de vocês é preferir qualquer coisa acima de Deus.

Finalmente, a terceira aplicação.

Então, já falamos sobre a majestade de Deus e por que é necessário conhecer a essência mais profunda do mal se você vai realmente se importar com a majestade de Deus. Falamos também do triunfo de Cristo e por que você precisa saber sobre a essência mais profunda do mal, para não diminuir o triunfo de Jesus, fazendo disso apenas um meio para se livrar do inferno ao invés de um meio para chegar à presença de Deus, com alegria e satisfação. ... Percebam, vocês nunca vão chegar a esse ponto, nunca amarão o triunfo de Cristo pela razão mais profunda e preciosa, nunca celebrarão essa vitória, nunca cantarão sobre isso, nunca falarão disso para outras pessoas, pelo motivo mais profundo, mais precioso – não por essas outras razões (que são reais), mas por essa grande e definitiva razão. Jamais farão isso até que odeiem o fato de não serem assim. De fato: ninguém é, não sem um milagre.

Tendo tudo isso em vista, portanto, o que eu quero dizer com a terceira e última aplicação? Se você não enxergar e odiar a essência mais profunda do mal, ou seja, a preferência por qualquer coisa acima de Deus, você vai dilacerar e esvaziar a vida cristã da glória que ela tem. Vai esvaziá-la de tudo o que torna a vida cristã bela aos olhos de Deus, agradável para Deus, verdadeiramente bela no próprio mundo. ... Uma das coisas de que gosto muito no Passion é que celebram um Deus majestoso, santo, glorioso, justo, cheio de beleza, assim como seu Filho, por meio do Espírito. E isso é desenvolvido nas letras das músicas e em vários projetos voltados para um mundo que está cego em relação a essas coisas, de modo que vocês se tornam, para o mundo, uma visão dessa verdade gloriosa. As coisas se encaixam. É disso que estou falando.

Por que é, então, que você não pode ser esse tipo de cristão até que você veja e odeie a essência mais profunda do mal? ... Há enorme pressão sobre vocês nos dias de hoje. Sobre todos nós. Mas vocês são uma geração saturada pela mídia. Há enorme pressão para que vocês pensem sobre o que é “bom”, o que é o “bem” [realmente fazendo sinal de aspas com as mãos]. Vejam por vocês mesmos se isso não é verdade. Existe grande pressão para que se pense em “bem”, o oposto do mal, de maneiras que não estão nada relacionadas a Deus. É só pensar consigo mesmo em coisas que são consideradas boas: “eu considero isso bom, aquilo bom, aquilo outro bom”... e repare que Deus nem atravessa seu pensamento nesse processo de classificação. Assim também no mundo, o mesmo ocorre. Então você pode eliminar Deus da questão, eliminar o Filho de Deus. Pode eliminar um coração dependente de Deus, um coração que se deleita em Deus – pode eliminar tudo isso, afinal, são coisas desnecessárias para a definição de “bom”, de “bem”. As coisas ainda são classificadas como boas sem nada disso.

Ouçam, contudo, o que Paulo diz em Romanos 14:23: “tudo o que não provém da fé é pecado”. Isso é devastador, para todos no mundo. Qualquer que seja a ação, qualquer que seja o comportamento, se não provém da fé, é pecado. A carta aos Hebreus coloca a questão desta forma no capítulo 11, versículo 6: “Sem fé é impossível agradar a Deus”. ... Então, nesse último ponto, estou pensando: “ok... qual é a glória da vida cristã?”. Paulo e o autor de Hebreus estão dizendo o seguinte: a sua vida é apenas pecado, sua vida é apenas desagradável aos olhos de Deus, a não ser que haja fé. E o significado de “fé” é reconhecer e tomar para si a verdade que Deus é supremamente valioso, mais do que qualquer coisa. ... Não reduzam “fé” a meras afirmações de frases que o próprio Satanás sabe que são verdadeiras. Fé é receber e abraçar para si mesmo tudo aquilo que Deus é para nós em Jesus, com um contentamento cheio de paz e profunda alegria e deleite por isso. E Paulo e o autor de Hebreus estão dizendo que, onde isso não acontece, a vida é má aos olhos de Deus. É pecado. Não dá para ser mais radical do que isso. A maioria de vocês provavelmente não acredita nisso. Sem fé, você não consegue agradar a Deus.

Qual era a essência mais profunda do pecado dos fariseus? Eles devoravam a casa das viúvas; desprezavam os pecadores; distorciam a Lei; exploravam os pobres; não sentiam misericórdia; negligenciavam a justiça; assassinaram o Filho de Deus... isso tudo representa a essência do mal deles? Não... a essência do mal dos fariseus é que eles amavam o dinheiro! Está escrito em Lucas 16:14. E, em segundo lugar, eles amavam o louvor dos homens! E, a partir dessa latrina, dessa fonte subterrânea repleta de esgoto – ou seja, da preferência pelo louvor dos homens e por aquilo que o dinheiro pode comprar, a preferência por tudo isso ao invés da preferência pelo Deus da graça –, todas as coisas malignas surgiram na vida deles. Coisas que, atualmente, odiamos. Mas, agora, como conclusão, será que nós conseguimos ir a fundo em nós mesmos, em nosso coração? Você pode olhar para o fundo do seu próprio coração? Você vai chegar até a raiz daquilo que é a raiz mais profunda do seu mal?

Vou encerrar com um resumo. A essência mais profunda do mal é a perda de gosto por Deus como Aquele que é nossa vida e nossa alegria plenas, vida e alegria capazes de nos saciar completamente. Ou, o outro lado da moeda: a essência mais profunda do mal é uma preferência por outras coisas acima de Deus: preferir outras coisas, outras pessoas, qualquer coisa criada. Essa é, biblicamente, a essência mais profunda do mal.

Então, estou suplicando a vocês que tenham uma determinação sólida e resistente como rocha contra essa essência mais profunda do mal. Eu quero que vocês saibam disso e odeiem isso a respeito de si mesmos, a respeito do mundo, a respeito de mim. Também estou pedindo a vocês, estou argumentando nesse sentido e vou orar por vocês – que passem o restante de suas vidas crescendo neste êxtase adquirido pelo sangue de Cristo, ou seja, no enlevo, no arrebatamento, no intenso entusiasmo de se ter Deus como seu supremo tesouro, acima de todas as coisas. Então, de um lado, odeie a essência do mal em seu coração. De outro, dedique-se a ir a Cristo e a abraçar para si, abraçar para si a alternativa à essência mais profunda do mal, ou seja: “Vou encontrar meu tesouro em Cristo, acima de todas as coisas”. Se vocês fizerem isso, então a majestade de Deus será magnificada em sua alegria e deleite em Deus. E, se fizerem isso, o verdadeiro e mais profundo triunfo de Cristo em sua morte e ressurreição não será diminuído, mas sim destacado com grande importância, conforme ele se cumpre em sua alegria e deleite na presença de Deus. Além disso, sua vida humana vai brilhar no mundo com o brilho de mil obras verdadeiramente boas.




“Pai, faça isso, em minha própria vida. Tenho 70 anos e desesperadamente preciso disso. Faça esses jovens perceberem que nunca vão superar a necessidade de guerrear, de odiar o mal que há neles próprios, e de aceitar e abraçar para si mesmos aquilo que é a obra do seu Espírito Santo, comprada pelo sangue de Jesus, ou seja: uma vida de satisfação em Ti acima de todas as coisas. Oro em nome de Jesus. Amém.”

Vídeo e áudio da pregação podem ser encontrados integralmente, em inglês, em: http://www.desiringgod.org/messages/the-ultimate-essence-of-evil . No mesmo endereço, há uma versão resumida (em formato de artigo) escrita em inglês.


[1] Nota do editor: o título é uma adição minha; originalmente sem título.
[2] Nota do editor: o uso de sublinhados é uma tentativa de transmitir ênfases na entonação do preletor.
[3] Nota do editor: o preletor está se referindo ao lema do movimento Passion, baseado em diferentes traduções de Isaías 26:8.
[4] Nota do tradutor: em sua maioria, as bíblias em português parecem traduzir este termo hebraico como “maldades”. A Almeida Revista e Atualizada o traduz por “males”. A NVI e a Almeida Século 21 apresentam traduções um pouco diferentes, “crimes” e “delitos”, respectivamente. A passagem em português, como um todo, foi retirada da NVI, mas optou-se aqui por trocar a tradução deste termo especificamente em favor do utilizado pela Almeida Revista e Atualizada. Com isso, a passagem como um todo se aproxima mais claramente da intenção do preletor e da versão em inglês que John Piper está usando. Naquela versão, assim como na maioria das versões em inglês, o termo é traduzido como “evils”, fazendo conexão direta com o ponto central da mensagem: the ultimate essence of evil, a essência mais profunda do mal (ou maldade). De maneira semelhante, optou-se também por trocar o trecho final do versículo 11: adotou-se o fraseado da Almeida Século 21 (semelhante à maioria das traduções em português e inglês), ao invés da tradução da NVI (que apresentava: “Mas o meu povo trocou a sua Glória por deuses inúteis.”).
[5] Nota do tradutor: o trecho final desse versículo (“e estava com ela”) não aparece nas grandes traduções em português da Bíblia, exceto sob a forma de nota de rodapé: há uma na NVI indicando que o trecho poderia ser traduzido dessa forma também. A vasta maioria das traduções em inglês, entretanto, segue outro caminho e inclui o trecho no próprio texto bíblico. John Piper segue esse mesmo caminho em sua tradução. Essa dupla possibilidade de tradução decorre de particularidades do idioma, segundo sugere o professor de hebraico Lucas Nascimento, da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. A frase poderia, em uma leitura inicial, ser interpretada de duas formas, pois o termo equivalente a “com ela” pode significar que Adão estava com Eva ou pode apenas estar indicando, nesta frase, que Adão também comeu do fruto.
[6] Nota do editor: ele está fazendo referência a Salmo 16:11.

sábado, 14 de janeiro de 2017

Passion 2017 - sessão 1 - Christine Caine



Passion 2017 – Sessão 1 (2 de janeiro, 19h, Atlanta, EUA)
www.268generation.com
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A corrida que nos foi proposta[1]
Pregação por: Christine Caine
Baseado em transcrição editada e traduzida por: Rodrigo B.

Olá, Passion 2017!

Vocês estão com uma aparência fantástica.

Gostaria que todos aqui que têm 20 anos ou menos ficassem em pé por um momento. Entre as dezenas de milhares de vocês aqui hoje, olhem ao redor e vejam que essas pessoas em pé nem sequer haviam nascido em 1997, quando esse movimento [Passion] começou. E acho que devemos agradecer a Deus pela vida desse casal que teve uma visão de algo maior do que eles mesmos, uma visão para uma geração que se espalharia para a seguinte e que enxergou todos vocês no futuro.  Então vamos agradecer a Louie e Shelley Giglio pelo movimento Passion e pela fé que tiveram e têm.

[O público aplaude e comemora, em resposta.]











Podem se sentar. Saibam que mesmo vocês, que não eram nascidos quando isso começou, saibam que isso tudo sempre foi sobre vocês também. Sempre foi para que uma geração pudesse contar à geração seguinte sobre a grandeza do nosso Deus, para todos os que ainda virão. Naquele mesmo ano de 1997, eu tinha acabado de assumir a liderança de um ministério de jovens na Austrália chamado “Youth Alive” [Juventude Viva]. Somente Deus mesmo faria isso; ao mesmo tempo em que as sementes do avivamento estavam sendo plantadas aqui na América do Norte, um grupo de pessoas malucas em Sydney, na Austrália, ousariam acreditar que Deus ainda tinha coisas a tratar com aquela geração – a despeito do que os pessimistas e derrotistas tenham a dizer, a despeito do que o mundo tenha a dizer –, acreditando que os melhores dias da igreja ainda estão à frente, e não no passado, e que existe uma geração que ama o Senhor Jesus Cristo. Tivemos a ousadia de crer que Deus faria algo por entre as nações. E, para mim, é maravilhoso ver esse movimento, que nos tocou a todos, que impactou profundamente também o que aconteceu conosco na Austrália... é maravilhoso que estejamos hoje, aqui, não apenas celebrando os 20 anos que se passaram, mas também olhando para os próximos 20 anos. Os primeiros 20 anos foram apenas uma fundação, uma base, comparado àquilo que Deus vai fazer no futuro e vocês são todos parte disso.

Com isso em mente, então, vamos abrir a carta aos Hebreus, no capítulo 12. É uma grande honra servi-los essa noite aqui. É um grande privilégio dar o pontapé inicial nesta noite.




A gente geralmente se pergunta: “como foi que chegamos até aqui?”. Aqui estamos no gigantesco estádio Georgia Dome – e aqui é mesmo espetacular. É fantástico que a gente tenha aqui mais de 55.000 jovens reunidos em um mesmo lugar... Mas, como foi que chegamos aqui? Em 1997, quando o Passion começou, isso não era “aqui”, era “lá”. Em 1997, no início do Passion, um campo na cidade de Austin, no Texas, era “aqui”. Eu não sei onde o seu “aqui” é, agora. Alguns de vocês são pastores de jovens, líderes de jovens ou ministros de jovens em um local afastado, no interior, com um grupo pequeno: saibam que esse é o seu “aqui” neste momento. Em 2 ou 3 dias a partir de agora, o “aqui”, vai ser “lá”. Vamos dizer: lembram quando estávamos lá, no Georgia Dome, para o Passion? O “aqui” sempre se tranforma em “lá”, e o “lá” sempre se transforma em “aqui”. E a coisa importante que temos que perceber é que precisamos parar de viver para o “lá” e começar a viver “aqui”, compreendendo que “agora” e “aqui” é o que vai nos levar até “lá”, “no futuro”!     

E aqui, então, temos o autor da carta aos Hebreus em um lindo texto, Hebreus capítulo 12. Ele diz, nos versículos de 1 a 3[2]:

v.1: Portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve, e corramos com perseverança[3] a corrida que nos é proposta,
v.2:  tendo os olhos fitos em Jesus, autor e consumador da nossa fé. Ele, pela alegria que lhe fora proposta, suportou a cruz, desprezando a vergonha, e assentou-se à direita do trono de Deus.
v.3: Pensem bem naquele que suportou tal oposição dos pecadores contra si mesmo, para que vocês não se cansem nem se desanimem.

Para que vocês não se cansem nem se desanimem. Aqui estamos em 02 de janeiro de 2017... Estamos em um tal momento que muitos já começaram o ano tanto cansados quanto desanimados. O mundo está em agitação, perturbação. Mas as escrituras estão nos dizendo aqui que existe um jeito para que nós, os seguidores de Jesus, não tenhamos que nos cansar... nem nos desanimar.  Existe uma forma para que nossa luz brilhe em meio a um mundo em trevas, uma maneira pela qual pareçamos diferentes em nossa faculdade, nossa comunidade, nosso local de trabalho. Somos diferentes! Não precisamos nos cansar nem nos desanimar.

O autor de Hebreus está escrevendo para um grupo de cristãos que está vivendo debaixo de extrema perseguição. De fato, muitos deles estão em um conflito tão grande que estão até pensando em voltar para o judaísmo tradicional, pois a vida como cristãos está muito difícil. Há perseguição demais. Não é tão diferente de muitas coisas que temos visto acontecer no mundo atualmente. 

Mas o texto começa com a palavra “portanto” e isso significa que existe alguma coisa que veio antes desse trecho. O que temos aqui é a conclusão de um argumento que o autor de Hebreus começou a expor no capítulo 10. Quero voltar algumas páginas e dar algum contexto para isso, e então a gente vai chegar ao ponto que quero trazer. Quero que vejam Hebreus 10:32 [até 36]:

“32: Lembrem-se dos primeiros dias, depois que vocês foram iluminados, quando suportaram muita luta e muito sofrimento.
33: Algumas vezes vocês foram expostos a insultos e tribulações; em outras ocasiões fizeram-se solidários com os que assim foram tratados.
34: Vocês se compadeceram dos que estavam na prisão e aceitaram alegremente o confisco dos próprios bens, pois sabiam que possuíam bens superiores e permanentes.
35: Por isso, não abram mão da confiança que vocês têm; ela será ricamente recompensada.
36: Vocês precisam perseverar, de modo que, quando tiverem feito a vontade de Deus, recebam o que ele prometeu (...)”

Muitas vezes citamos o versículo “não abram mão da confiança que vocês têm”, e é no contexto de grande sofrimento e perseguição que isso está escrito.  O autor de Hebreus está dizendo: “não abram mão da confiança que vocês têm, pois ela será ricamente recompensada... mas vocês precisam perseverar”. Observem, ele não diz: “vocês precisam de dons”, ou “vocês precisam de talentos”. Mas sim: “vocês precisam perseverar”. E isso é imediatamente antes de entrarmos no grande capítulo sobre fé, o capítulo 11!

Então eu estou aqui hoje para dizer que precisamos de mais do que fé. Se vamos fazer o que Deus nos chamou para fazer na nossa geração, vamos precisar de mais do que fé. Vamos precisar de “fé mais paciência”; vamos precisar de “fé mais perseverança”.  Se vamos fazer o que Deus nos chamou para fazer, o autor de Hebreus diz: “vocês precisam perseverar”.  Vocês não têm que se cansar, não têm que se desanimar. Apesar do que está acontecendo no mundo ao nosso redor, politicamente, economicamente, socialmente, moralmente, ambientalmente: vocês não precisam se desesperar. Dois mil anos atrás, Jesus disse: edificarei a minha igreja e as portas do inferno não podem e certamente não irão resistir a ela. Elas não vão resistir à igreja do Deus vivo! Você não precisa se desesperar.  Mas você VAI precisar de perseverança, [de resistência]. Você vai precisar de perseverança.

Ao começarmos 2017, todo líder, ministro ou pastor de jovens, todo estudante, todos os comerciantes ou executivos aqui presentes, saibam disso: vocês vão precisar de perseverança. Nós VAMOS ter a vitória. Mas precisamos… perseverar.

Observem a palavra “perseverança”, eu quero que vocês vejam, porque no capítulo 11 nós temos grandes gigantes da fé. Abel, Enoque, Noé, Abraão, Sara – e eu gosto muito quando as mulheres aparecem – e Jacó, José, Moisés, Gideão, Baraque, Sansão, Davi, Samuel e os profetas. O autor de Hebreus diz que algumas dessas pessoas foram torturadas e perderam suas vidas. Então “fé” não quer sempre dizer que você não vai passar por dor, sofrimento e dificuldade. Alguns têm fé e perseverança que acabam por livrá-los de situações ruins. Outros têm graça e fé para atravessar essas situações ruins até o fim. É isso o que Hebreus 11 nos mostra. Então é como se a partir de Hebreus 10, o autor dissesse: há muita perseguição acontecendo. Vocês vão precisar de perseverança. Então permitam que eu encoraje sua fé com todos esses “gigantes” espirituais, homens e mulheres que fizeram coisas incríveis em sua própria geração. Essas pessoas carregaram o bastão da fé e o passaram para a geração seguinte. Eles foram fenomenais – e, a propósito, alguns deles foram mortos. Alguns foram torturados. Alguns foram espancados. Alguns foram martirizados. Preciso que saibam que muitos deles perderam a vida, mas não abandonaram a fé, permaneceram heróis!”. Então, depois de falar tudo isso, chegamos afinal ao “portanto” de Hebreus 12. PORTANTO, então:

Passion 2017, no estádio Georgia Dome, ouçam bem. “TAMBÉM NÓS”.

O que quero falar hoje é desta perspectiva, aquilo que vem logo depois do “portanto”: “também nós”. Tivemos uma jornada de 20 anos, que foi parte da história maior do reino de Deus, um movimento que teve seu início no princípio do tempo. Deus nos trouxe a este momento, hoje à noite, e nos diz: “ei... também nós”. Também nós, quer esta seja a primeira vez que você esteja participando do Passion, quer esta seja uma das inúmeras vezes que já participou, saiba que essa é uma mensagem sobre “nós também”. Porque existe um mandado, uma ordem, uma incumbência que diz respeito a nós também em relação a nossa própria geração. Não estamos aqui para falar apenas sobre o que Deus já fez nos últimos 20 anos, embora lhe devamos grande louvor por isso. Não estamos aqui para falar apenas sobre o que Ele fez por meio dos gigantes espirituais dos tempos antigos. Estamos dizendo “também nós”. Existe um “também nós”. Esta é a nossa época, nossa hora, nosso lugar, em que Deus nos entregou o bastão da fé para que o levemos, como em uma corrida de revezamento, para nossa geração.

Deus não está nos céus se desesperando com o que está acontecendo nos Estados Unidos. Ele não está dizendo “ai, meu Deus... ah, não, espera. Deus sou eu...”. Não. Ele não está, tipo, “Uau, por essa eu não esperava!”. Ele não está desesperado com a situação econômica, moral, política. Ele ainda está assentado no trono, e o governo está sobre os ombros dele, e ele está olhando o futuro e sabe que o futuro é muito bom porque Jesus já venceu a batalha, já recebeu a vitória, portanto você e eu, “também nós”, nosso ponto de largada nessa corrida é a vitória! Não estamos correndo em direção à vitória, já começamos a correr em vitória. Jesus já obteve a vitória. Jesus Cristo morreu e ressuscitou. E já lemos o final do livro. E se por acaso você está se perguntando o que acontece no final do livro, eu conto: a gente ganhou. Nós vencemos. 

Por causa da obra redentora de Jesus Cristo na cruz e da ressurreição de Jesus Cristo, não importa a circunstância em que você esteja neste exato momento, você pode olhar para essa circunstância a partir da posição da vitória. De Jesus. Isso dá esperança. Isso nos dá uma vida que vai além do nosso passado, uma vida que vai além de nossa circunstância imediata, nos dá uma esperança futura. Essa é a grande história da fé cristã: ninguém mais vai te oferecer não apenas perdão para o seu passado, mas também uma vida completamente nova hoje e uma esperança para o futuro. Por causa de Jesus Cristo, corremos nossa corrida com esperança! E existe um futuro, existe um destino para você que é maior e mais grandioso do que o seu passado. Mas você vai precisar de perseverança. 

A palavra “persevrança” vem de uma palavra grega. Eu falo um pouco de grego, porque venho de família grega. Não falo grego bíblico, é por isso que amanhã vocês vão ter o Dr. Piper e a Beth Moore. Hoje, vocês têm a mim. Minha mãe costumava me dizer o tempo todo, em grego: “Christine, você tem que ter paciência”, “Christine, você precisa ter perseverança”. Quero colocar essa palavra na tela, para vocês verem. Em termos de pronúncia, a maneira como a palavra era pronunciada em grego koiné (o grego bíblico) e a maneira como eu falo hoje são diferentes. Mas o significado é:
  • A habilidade ou força para continuar, a despeito de fadiga, stress, pressão ou condições adversas.
  • A capacidade de suportar algo sob circunstâncias difíceis.
  • Não é complacência ou acomodação passiva.
  • É uma fortitude[4] cheia de esperança, resistindo ativamente ao cansaço.
  • A palavra grega hupomone vem dos radicais hupo (embaixo) e mone (permanecer, aguentar); significa algo como resistir abaixo [de alguma coisa].

Então Deus não vai nos tirar de circunstâncias nas quais estejamos nos sentindo pressionados; situações que estejam nos apertando. Porque não podemos construir ou desenvolver perseverança no caminho de menor resistência, no caminho do menor esforço. A gente só desenvolve nossa perseverança quando há resistência, oposição; quando nos deparamos com uma pressão contrária. Isso é um desafio para a nossa geração, porque nós não queremos sentir nenhuma pressão contrária. Agora, se você não quer pressão nenhuma e corre para longe de qualquer coisa que seja inconveniente ou desconfortável, você não vai desenvolver o músculo espiritual do qual você precisa para fazer o que Deus te chamou para fazer.

Dois anos atrás, já avistando a chegada dos meus 50 anos (que completei em setembro), procurei um preparador físico. Eu sabia que eu não estava tão em forma quanto deveria e queria correr a corrida, completar a carreira; queria estar mais forte na segunda metade da minha jornada cristã do que eu estava no começo. Bom, se você quiser se sentir deprimido, vá a uma academia e deixe que eles façam aqueles testes de gordura, para medir a gordura corporal. Em aparência, eu não estava tão diferente do que estou hoje, mas eles me disseram que, embora magra, eu estava gorda; que eu tinha 31% de gordura corporal, embora não aparecesse tanto. Eles explicaram que essa porcentagem, para uma mulher na minha idade, era algo muito perigoso, perigoso para os meus órgãos internos, enfim... Eles disseram: “Você vai ter que eliminar um pouco dessa gordura corporal. E o único jeito de fazer isso é comendo de maneira mais saudável e começar a levantar pesos.”. Ou seja, eu tive que começar a levantar pesos, fazer exercícios físicos em que havia resistência contrária ao meu movimento. Eu gosto muito de correr, sou como o Forrest Gump, se deixarem, eu fico correndo o tempo todo. Mas não gostava desse tipo de atividade física com pesos. Quando comecei com isso, eu não conseguia nem fazer uma única flexão de braço. Mas porque eu continuei a me exercitar e a fazer coisas que eu não gostava de fazer, olhem só agora...




[Ela larga o microfone no chão e começa a fazer flexões. Faz 25 flexões e se levanta, ao som de aplausos.]

Sabe, eu até continuaria, mas não quero deixar o Louie constrangido. Então, vejam só: consegui construir músculos de força. Porque encontrei pressão contrária. O único problema é: vivemos em uma cultura, em uma sociedade que não celebra a espera – e que odeia qualquer tipo de inconveniência. Se não tiver um aplicativo para resolver as coisas pelo celular, nem me interesso. Se eu quero reservas em um restaurante, abro o aplicativo Open Table. Se quero um carro, abro o Uber. Se quero ingresso para um show, abro o SeatGeek. Se quero TV agora mesmo, abro Netflix, Houlo ou Amazon. Se quero fazer compras, posso abrir Amazon Prime agora mesmo e posso receber o que comprei em até uma hora. Puxa, vivemos em um mundo em que, se eu quiser sexo, posso abrir um aplicativo de relacionamentos e pronto!... Que triste que tantos de nós saibam do que eu estou falando, mas por aí você vê.

A questão é: queremos tudo instantaneamente. Contudo, você não vai construir a vida que você quer construir se não aprender a perseverar. Os músculos de que a gente precisa para uma maratona, para perverar, são diferentes dos músuculos para uma corrida de velocidade, para um sprint. É preciso um modo de vida todo diferente. E eu acredito que esta geração foi marcada por Deus para coisas grandiosas. Nunca tivemos tanto acesso a tecnologia, recursos, educação e preparo, treinamento na palavra de Deus. Nunca tivemos uma geração que acreditasse tanto na seguinte. Mas a verdade é que, se não desenvolvermos perseverança e se treinarmos como se isso fosse uma corrida de velocidade, um sprint, e não uma maratona... não vamos chegar lá, não vamos conseguir.       

A maior ultramaratona do mundo acontece entre as cidades de Sydney e Melbourne, na Austrália. Normalmente, quem compete nesse tipo de prova é a elite dos atletas, na faixa dos 30 anos. É uma corrida de mais de 870 quilômetros. Em 1983, um fazendeiro australiano de 61 anos chamado Cliff Young apareceu e se inscreveu, vestindo um casaco de chuva, enfim, algo bem incomum. Os jornalistas do país inteiro acharam que era uma piada, já que ele tinha o dobro da idade dos atletas e nunca tinha treinado para aquilo. Mas ele respondeu: “Acho que consigo sim. Eu cresci em uma fazenda de 8 quilômetros quadrados. Meus pais tinham 2000 ovelhas e não tinham dinheiro para comprar cavalos ou tratores... Então, na época de reunir as ovelhas, eu costumava sair por 3 dias, não dormia até juntar todas. Por causa disso, acho que vou conseguir competir nessa prova.”... Ele virou piada. Vejam essa foto do Cliff Young. Não é o que você espera quando pensa em alguém que vai vencer a ultramaratona. 














Acontece que ele apareceu e começou mesmo a correr. Mas ele não sabia que a prova era assim: os atletas corriam por 18 horas, dormiam por 6 horas e corriam de novo – e, assim, levava 5 dias para a corrida terminar. Bom, Cliff Young não sabia que podia dormir. Quando a largada foi dada, ele ficou tão para trás dos outros que, quando ele chegou ao local onde eles dormiriam, não sabia que os atletas estavam lá dormindo. Ele achou que era para continuar correndo, até chegar ao final. Então o que aconteceu foi que, com esse passinho curto de corrida, que na Austrália se chama “Cliff Young shuffle[5], Cliff Young não dormiu por 5 dias. E ele acabou ganhando aquela corrida com 19 horas de vantagem do segundo colocado; quebrou todos os recordes mundiais da época para a maior ultramaratona do mundo. Ao chegar ao final, todos os jornalistas perguntaram: “Como foi que você conseguiu?!”. Ele olhou para eles e disse: “Bom, eu só não parei!... Eu só continuei indo.”.

Como foi que chegamos aqui depois de 20 anos? Louie e Shelley simplesmente não pararam. Como você chega a 20 anos? Bom, é só não morrer e continuar avançando. Então você chega aqui e já são 20 anos. Temos uma geração que quer ir além de 20 anos, e Deus diz: “vai levar 20 anos para vocês terem 20 anos, vocês só precisam estar comprometidos a não parar, a continuar seguindo, a continuar correndo e a... perseverar”.

Então, como a gente consegue esse tipo de perseverança? Porque, percebe, não dá para encomendar isso com um aplicativo de celular. Até existem aplicativos que podem te ajudar a desenvolver perseverança, mas nenhum vai entregar perseverança na sua porta.

O autor de Hebreus explica o que devemos fazer. Em primeiro lugar, devemos abrir mão agora.  Ele diz: “portanto, também nós, uma vez que estamos rodeados por tão grande nuvem de testemunhas, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha...”. Também nós, livremo-nos de tudo o que nos atrapalha e do pecado que nos envolve.

É a melhor coisa que podemos fazer, logo na primeira noite da conferência Passion. Alguns de vocês vieram aqui para se livrar de pesos e pecados, para abrir a mão e soltá-los, deixá-los cair no chão... quando o vídeo de abertura foi exibido, foi alarmante, para mim, ver quantos de vocês acenderam o flash do celular, indicando que se identificavam com as perguntas sobre sofrimento, sobre pecados[6]. Há muitas pessoas aqui carregando pesos e pecados. Alguns de vocês disseram ter pensamentos suicidas. Alguns de vocês estão cheios de vergonha, culpa e condenação por alguma coisa que fizeram nas últimas 24 horas – vocês disseram todas essas coisas ao erguer o flash durante o vídeo. Alguns de vocês têm carregado a dor, a amargura e a falta de perdão de relacionamentos fragmentados e quebrados. Alguns de vocês, quanta dor em relação a seus pais! Alguns vêm com uma experiência semelhante à minha, repleta de abuso sexual, uma vida destroçada, de abandono. Carregando o peso da falta de perdão, da amargura, da vergonha, da culpa, da condenação. Outros de vocês estão carregando o pecado – foram vocês mesmos que ergueram o flash do celular – de fornicação, vícios e dor e ganância, cobiça, luxúria, orgulho e inveja. Todas essas coisas são pesos e pecados que vão te atrapalhar, vão te segurar e impedir de cumprir o destino que Deus tem para você. O autor de Hebreus diz: vocês precisam largar essas coisas. Por isso, hoje, na noite de abertura do Passion 2017, a melhor coisa que você pode fazer é deixar seus pesos e seus pecados aos pés da cruz de Jesus Cristo!  Você pode largar essa bagagem ali mesmo e pegar sua liberdade – e começar a correr sem impedimentos a carreira, a corrida, o caminho que lhe foi proposto! É uma das melhores coisas que muitos de vocês podem fazer esta noite. Abra suas mãos e largue os pesos.

Agora, sei que alguns de vocês acham que não conseguem, que não podem, que não são capazes.  Vocês acham que já estragaram tudo. Que foram longe demais, fizeram coisas demais. Mas eu estou aqui hoje para lhes dizer: se Deus pode usar alguém como eu, que foi deixada sem nome, indesejada, abandonada em um hospital, que foi adotada e que vítima de abuso sexual... Mas Deus mudou minha vida completamente, me redimiu e então me usou para libertar pessoas aprisionadas pela indústria da escravidão, aprisionadas pela vergonha e pelo abuso. Se Deus pode pegar os estilhaços do meu passado quebrado e costurá-los para o meu próprio bem e para a glória dEle, então não existe ninguém aqui que pode estar longe demais ou que seja difícil demais para Ele. Ele pode fazer isso por você também, ele pode transformar a bagunça do seu passado, para o seu próprio bem e para a glória dEle, para servir como um grande testemunho do que Ele fez e para lhe dar um futuro.  É isso o que Jesus Cristo faz.

Então eu me pergunto quais são os pesos e os pecados que você precisa deixar de lado, dos quais você precisa se livrar. Eu quero que você saiba que obediência à palavra de Deus não é legalismo, mas sim obediência. Que tipo de mundo é esse em que cristãos, para obedecer à palavra de Deus, precisam colocar um letreiro avisando: “não sou legalista”? “Não sou um fariseu.” “Não me julgue.” Fazer o que Deus nos manda fazer é bom para nós mesmos! Não existe nada que Deus peça para você abandonar com o propósito de te prejudicar. Não é para te prejudicar, é para te beneficiar. Não é coisa de fariseu, não é legalista, não é para julgar ninguém, é para o nosso próprio bem! Ah, como seria bom uma geração de cristãos que amassem obedecer a Deus como fruto de um relacionamento de amor com Jesus Cristo! Isso viraria nosso mundo de cabeça para baixo. Obediência não é legalismo. É obediência. Eu me pergunto se vocês estão dispostos a se livrar dos pesos e pecados.

A segunda coisa que precisamos fazer é começar agora, aqui. Percebam, muitos de nós estão tão ocupados pensando em “um dia, mais pra frente, quando for a hora certa”... mas precisamos começar aqui, agora. Você só tem agora, você só tem aqui. Eu vou lhes dizer qual o maior medo que tenho em relação a esta geração: ...é que estejamos tão ocupados deslizando a tela em meio às atualizações da vida de todas as outras pessoas [ela pega o celular e desliza o dedo pela tela]... que acabemos deixando de lado nossa própria corrida, a vida que nos foi proposta. Este é o desafio.  Ainda assim, muitos de vocês continuam falando e sonhando sobre o que vão fazer para Deus “ALGUM DIA”... e não estão servindo em suas igrejas hoje mesmo. Não sei onde você vê ligação entre “servir a Deus algum dia no futuro” e “não fazer nada hoje mesmo”, porque não existe ligação nenhuma aqui. Não há correlação nenhuma entre “algum dia sim” e “não fazer nada hoje mesmo”. Não há nenhuma ligação. Nenhuma. Você precisa começar aqui, precisa começar agora, na corrida que agora lhe foi proposta. Líder de jovens, atuando em algum lugar esquecido do interior, não despreze o lugar em que Deus o colocou agora. O profeta Zacarias disse: não desprezem o dia das pequenas coisas, dos pequenos começos. Não chegue aqui no estádio Georgia Dome, neste lugar em que estamos, e se desmotive, pensando que aquilo que você faz é insignificante em comparação. Precisamos mudar o modo como vemos e lidamos com as coisas. O objetivo do cristianismo não é a fama, não é a fortuna, não é ter seguidores nas mídias sociais, não é a celebridade, mas sim a FIDELIDADE no local onde Deus me colocou! Esse é o objetivo do cristianismo, é sermos fiéis aqui onde estamos hoje.

A corrida que nos foi proposta é suficiente para nós? ... Ou vamos continuar a comparar e competir, a sonhar e armar planos e esquemas falando sobre “um dia, quando a hora certa chegar”...? Porque se você não é fiel AQUI, você não vai dar frutos LÁ. Você precisa começar a ser fiel onde você está, agora mesmo. Sabe, o fato é que alguns de nós precisam parar de ficar obcecados com o futuro, com “onde isso vai dar?”, “para onde essa atividade vai me levar?”, “onde vou conseguir chegar fazendo isso?”. Enorme desafio para essa geração. Ficamos tão obcecados com nosso futuro que acabamos não fazendo nada no dia de hoje. Precisamos, na verdade, começar agora. E, na verdade, o local em que devemos começar, agora mesmo, é onde nosso coração está.

Tudo começa em nosso próprio coração, porque os motivos são coisas muito importantes para Deus. E o modo como você começa é crucial – estou aqui falando em um estádio repleto de jovens em idade universitária, predominantemente. O modo como se começa alguma coisa é importante – e a correção de trajeto é importante. Eu não poderia nem imaginar estar aqui quando eu comecei! As pessoas vêm me perguntar: “você planejou que a organização A21[7] estaria onde está hoje?”; “você se preparou para a iniciativa Propel[8]?”; “você planejou falar para multidões em estádios?”. Não! Eu só planejei seguir Jesus a cada dia! E é o que eu faço ainda hoje. Não fico obcecada com “onde eu vou conseguir chegar com isso, amanhã?”.  Fico obcecada em ser fiel, hoje!

Por isso, para alguns de nós, a pergunta é: por que eu deveria insultar a Deus com minha imaginação pequena, hoje, em relação à visão que tenho para o meu futuro, quando, na verdade, a bíblia me diz que meus olhos não viram e meus ouvidos não ouviram, nem meu coração contemplou as coisas que Deus preparou para mim?! Que meu Deus é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo o que EU possa pedir ou imaginar?! Por que eu limitaria Deus às coisas que eu posso pensar, ao invés de ser fiel ao Deus que é capaz de fazer infinitamente mais do que tudo que eu possa pedir, esperar ou imaginar?! Por esse motivo, precisamos começar tratando do nosso próprio coração.

Ao sair daqui, vou voar para Nova York. Um voo curto, cerca de duas horas. De Nova York, vou voar para Los Angeles, que é um voo mais longo, quase 5 horas e meia. Então de Los Angeles vou voar para Bangkok, na Tailândia, que é um voo ainda mais longo, cerca de 19 horas. Se o meu piloto, um ser humano, não um piloto automático, programar o destino no aparelho com uma diferença pequena, um erro de 1 grau apenas, em duas horas de vôo isso não vai fazer tanta diferença. Vou só chegar a um destino um pouquinho afastado do que eu deveria, mas ainda em Nova York. Com uma correção pequena de trajeto, consigo voltar para o lugar certo. Quando eu for para Los Angeles, porém, se ele ajustar o trajeto com um erro de 1 grau, vou chegar a um destino bem diferente, em outro estado. Quando eu for para Bangkok, então, se eu ajustar o percurso com um erro de 1 grau, vamos acabar no meio do oceano! Percebam que, quanto mais longe formos na vida, mais importante aquele 1 grau se tornará. Assim também, a direção para onde você ajustar o trajeto do seu coração, no início, vai determinar onde você vai chegar, no final. Paulo escreve, em Filipenses: não quero que vocês façam nada por ambição egoísta. Então a melhor coisa que nossa geração pode fazer, ao invés de traçar um plano estratégico detalhado para a vida, é começar a ajustar a bússola do próprio coração para a posição correta. Em Filipenses capítulo 2 (versículos 3 a 8), está escrito:

v. 3: Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos.
v. 4: Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros.
v. 5: Seja a atitude de vocês a mesma de Cristo Jesus,
v. 6: que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-se;
v. 7: mas esvaziou-se a si mesmo, vindo a ser servo, tornando-se semelhante aos homens.
v. 8: E, sendo encontrado em forma humana, humilhou-se a si mesmo e foi obediente até à morte, e morte de cruz!

Está escrito: nada façam por ambição egoísta. Eu vou lhes dizer o que o caminho da perseverança faz: ele checa os seus motivos. O caminho da perseverança vai te dizer com qual finalidade você está nessa jornada. Em nossos dias, uma época em que somos ensinados: “Sonhe grande! Faça o que você quiser! Seja o que você quiser ser!”... Quer saber de uma coisa? Isso nem é bíblico! Jesus nem sequer fez o que ele queria fazer. Jesus fez o que o Pai dele queria que ele fizesse. As Escrituras nos dizem em João 6:38:
“Pois desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas para fazer a vontade daquele que me enviou”.
Em João 4:34, Jesus lhes disse:
“A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e concluir a sua obra”.
Em Lucas 22:42:
“Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua”.
Será que podemos ter uma geração que diga “contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua”? Porque quero que nos lembremos de 1 Coríntios, capítulo 6, versículo 19:
“Acaso não sabem que o corpo de vocês é santuário do Espírito Santo que habita em vocês, que lhes foi dado por Deus, e que vocês não são de si mesmos?”
Se somos seguidores de Jesus, nós não pertencemos a nós mesmos! Fomos comprados por alto preço! Pertencemos a Jesus! Somos chamados para carregar o bastão da fé para nossa geração! Não fomos chamados para apenas sonhar grandes sonhos ou fazer qualquer coisa que a gente queira fazer! Ou simplesmente escolher qualquer igreja em que a gente queira ir. Escolher qualquer ministério que eu queira realizar. Escolher meus dons e talentos. Não! Nós somos chamados a cumprir os propósitos de Deus nessa geração em que vivemos! Deus nos deu o bastão da fé para a nossa geração! Carreguemos, “TAMBÉM NÓS”, de maneira fiel esse bastão da fé, dizendo: minha vida não pertence a mim mesmo... foi comprada por alto preço.

Quero mostrar a vocês muito rapidamente duas coisas. Primeiro, qual a diferença entre ambição egoísta e ambição piedosa, santa. Eu vou ler para vocês esses quadros que vão ser colocados na tela.

Ambição piedosa     X     Ambição egoísta
  • A ambição piedosa é iniciada por Deus; a ambição egoísta é dirigida pelo ego, pelo “eu”.
  • A ambição piedosa diz respeito ao avanço do reino de Deus; a ambição egoísta diz respeito à construção de um império pessoal.
  • A ambição piedosa honra os outros; a ambição egoísta compete com os outros.
  • A ambição piedosa é leal; a ambição egoísta é oportunista.
  • A ambição piedosa tem como foco as outras pessoas; a ambição egoísta tem como foco a mim mesmo.
  • A ambição piedosa produz humildade; a ambição egoísta é orgulhosa.
  • A ambição piedosa se contenta com o anonimato; a ambição egoísta quer os holofotes.
  • A ambição piedosa prefere as outras pessoas; a ambição egoísta usa as outras pessoas.
  • A ambição piedosa anseia por agradar a Deus; a ambição egoísta agrada o homem.
  • A ambição piedosa é paciente; a ambição egoísta é impaciente.
  • A ambição piedosa prioriza a obediência a Cristo; a ambição egoísta aceita abrir mão de qualquer princípio ou valor a fim de poder avançar.
  •  A ambição piedosa diz respeito a alcançar os perdidos; a ambição egoísta diz respeito a aumentar o número dos meus seguidores.
  • A ambição piedosa ama as pessoas; a ambição egoísta se vale das pessoas.
  • A ambição piedosa morre para o “eu”; a ambição egoísta gratifica o “eu”.
  • A ambição piedosa pensa na próxima geração; a ambição egoísta favorece somente a minha geração.


A Ambição piedosa, santa...
...tem o amor como seu combustível
...é repleta de graça
...é fiel e repleta de fé
...é saturada de esperança
...é baseada na Bíblia
...tem em Cristo o seu centro
...é capacitada pelo Espírito
...está disposta a entregar a própria vida
...está disposta a tomar a própria cruz
...está disposta a ser um sacrifício vivo
...vive para a glória de Deus somente!

Passion!... em terceiro lugar: olhe para cima, agora.
Temos:
1. Abra mão, agora.
2. Comece aqui, agora.
3. Olhe para cima, agora!

Tudo isso é sobre Jesus! Eu acredito que Deus derramou seu Espírito neste movimento, porque a intenção de todos aqui é a de magnificar Jesus. O inimigo deseja arruinar sua intimidade com Jesus, é por isso que ele não quer que essa geração louve. Porque quando você está fixado, cativado, enamorado por Jesus, nada mais importa! Não importa o quanto eu ganho, qual meu cargo, qual meu título... Porque você enxerga as coisas da perspectiva eterna, não fica mais obcecado com as honrarias que este mundo pode dar.

Eu enterrei minha mãe 3 meses atrás. No momento em que seu caixão descia ao túmulo, eu pensei: “a próxima sou eu”...! Pensei: “Jesus, eu fiz tudo o que o senhor queria que eu fizesse?”. Não me importei com o que os meus seguidores nas mídias sociais pensavam. Não estava preocupada em impressionar as pessoas. “Eu fiz o que o Senhor me chamou para fazer?! Eu estou correndo minha corrida na minha geração?! Eu sou fiel, Senhor?!” Porque isso é tudo o que importa.

Então a gente fixa nosso olhar em Jesus! Nós olhamos para Jesus porque ele correu a ultramaratona definitiva. Ele é aquele que perseverou até o final. Nós o magnificamos, o exaltamos, o engrandecemos, porque as coisas vão ficar difíceis na faculdade, vão ficar difíceis no mundo em que vivemos: nada disso vai mudar. Então pare de olhar para todas as outras coisas e comece a olhar para Jesus! Porque Jesus é aquele que perseverou:
Quando ele começou seu ministério, ele foi tentado pelo diabo, por 40 dias no deserto. Mas ele perseverou.
Quando sua própria família não entendeu o que ele estava fazendo, ele ainda perseverou.
Quando seus únicos seguidores o compreenderam errado, ele perseverou.
Quando seus seguidores começaram a deixá-lo, um por um, ele perseverou.
Quando os fariseus mentiram a seu respeito, ele perseverou.
Quando os saduceus conspiraram para que o prendessem, ele perseverou.
Quando Judas o traiu por 30 peças de prata, ele perseverou.
Quando ele derramou seu coração perante o Pai no Getsêmani, ele perseverou.
Quando os guardas do templo o prenderam no jardim, ele perseverou.
Quando seus 11 discípulos o deixaram, ele perseverou.
Quando foi submetido a julgamentos injustos, ele perseverou.
Quando Pilatos o entregou à multidão, ele perseverou.
Quando Pedro o negou, ele perseverou.
Quando a multidão disse para crucificá-lo, ele perseverou.
Quando os soldados zombaram dele e o humilharam, ele perseverou.
Quando o chicotearam e o desfiguraram, ele perseverou.
Quando o pregaram em uma cruz, ele perseverou.
Quando todas as forças do inferno vieram contra ele, ele perseverou.
Quando ele tomou sobre si os pecados da humanidade, ele perseverou.
Quando ele gritou “Está consumado!”, ele perseverou.
Quando o enterraram, ele perseverou.
Quando ele ficou naquele túmulo por 3 dias, ele perseverou.

Mas Ele se levantou daquele túmulo! Ele derrotou o inferno! Derrotou a morte! Ele possui as chaves do inferno e da morte! E uma vez que Jesus Cristo perseverou, portanto, que “TAMBÉM NÓS” perseveremos pela nossa geração! Em nome de Jesus! Em nome de Jesus. Em nome de Jesus.

 ...O mesmo Espírito que ressuscitou Jesus Cristo dos mortos vive dentro de você e de mim. Não ouse me dizer que esta geração da igreja é incapaz de perseverar. Esta será certamente a geração da igreja que vai carregar a tocha de Jesus Cristo como nenhuma outra na história do mundo. Nós o faremos. Para a glória de Deus, em nome de Jesus, amém, amém e amém. E amém. Nós vamos fazer isso. Vamos fazer isso.

Abra mão agora.
Comece aqui e agora.
Olhe para cima agora.

Se você está disposto a abrir mão dos pesos e pecados, bem onde você está, na primeira noite, bem aqui na conferência Passion... se você está dizendo “é isso, agora chega”... Você ergueu o flash por tantas questões no vídeo de abertura, mas agora você está dizendo, já desde a primeira noite: “tem alguns pesos e pecados que preciso largar... para que eu possa correr essa corrida que me foi proposta”. Onde quer que você esteja, quero que você fique de pé, quero orar por você. Em meio a este estádio, Deus, há pesos e pecados que precisam ir embora, isso é ótimo. Já na primeira noite. Vou apenas fazer uma oração, onde quer que você esteja. Estou falando com cristãos, mas há pesos e pecados que precisam ir embora. Precisam ir embora. Nem sequer pensem em carregá-los pelo restante dos dias do Passion. Por quê? Por que esperar? Nós temos uma corrida para correr! [Vendo as pessoas ficando em pé.] Isso é ótimo.







“Pai, eu te agradeço por cada um desses milhares de jovens, homens e mulheres maravilhosos, sinceros, que estão de pé neste estádio. Humildemente, na primeira noite, estão dizendo que querem largar os pesos e os pecados. E Pai, a beleza deste momento é que o Senhor conhece cada pessoa, intimamente. O Senhor sabe exatamente qual é a circunstância de cada um, a dor de cada um, o Senhor conhece exatamente essa situação, então eu oro para que a presença do Espírito de Deus invada seus corações agora, peço que lhes dê a força para que eles se livrem, agora mesmo, aqui mesmo, no estádio Georgia Dome, neste momento, dos pesos... e dos pecados... que os têm impedido de correr sem qualquer impedimento a corrida que o Senhor colocou à frente de cada um. Santo Espírito, eu oro para que o Senhor traga cura para os corações despedaçados, no nome de Jesus. Que o Senhor traga cura para corpos quebrados, em nome de Jesus. Pai, que haja restauração e reconciliação em nome de Jesus. E coragem e força para fazer aquilo que é certo quando sairmos deste estádio e adentrarmos nossa vida diária normal. Pai, na noite inicial, neste lugar, nós escolhemos conscientemente nos livrar dos pesos e pecados, escolhemos começar a correr nossa corrida, bem aqui, agora mesmo, e a fazer isso desta maneira: olhando fixamente para Jesus, o autor e consumador da nossa fé. Em nome de Jesus. Amém. Amém. E amém.”

Muito obrigada, pessoal.



[1] Nota do editor: o título é uma adição minha; originalmente sem título.
[2] Nota do editor: os trechos sublinhados aqui e em outras passagens são uma tentativa de transmitir alguma ênfase de entonação que a preletora tenha dado ao fazer a leitura.
[3] Nota do tradutor: o termo traduzido por “perseverança” em muitas versões em português da Bíblia corresponde, na bíblia em inglês usada pela preletora, ao termo “endurance”. Convém notar que a palavra “suportou”, nos versículos 2 e 3, também destacados pela preletora, equivale, na versão em inglês, ao termo “endured”. Temos, portando, que “perverança” e “suportou” são palavras com a mesma raiz em inglês (“endurance” e “endured”; embora também exista o termo “perseverance” nesse idioma). No original grego, ambas as palavras também parecem derivar de uma raiz comum, semelhante ao que acontece com a tradução em inglês usada pela preletora. O mesmo acontece com essas palavras em Hebreus 10, trecho mencionado a seguir.
[4] Nota do tradutor: o termo “fortitude” pode ser compreendido como “coragem ao se lidar com situações difíceis, especialmente ao longo de um extenso período de tempo”.
[5] Nota do tradutor: é um passo pequeno de corrida, leve, como em um “jogging” ou “cooper”.
[6] Nota do editor: ela está se referindo às perguntas que o vídeo de abertura começou a fazer, em determinado momento – tanto coisas simples quanto questões mais profundas. As luzes do estádio estavam apagadas. O vídeo pedia que as pessoas acendessem o flash e, se quisessem responder afirmativamente a alguma pergunta, erguessem o celular.
[7] Nota do editor: A21 é uma organização sem fins lucrativos, dirigida pela Christine Caine e seu marido. A área de atuação é prevenção, resgate e restauração de vítimas do tráfico humano. Começaram em 2007/2008 em Tessalônica, na Grécia, e hoje têm 11 bases de operação em 10 países.
[8] Nota do editor: Propel Women é o nome do conjunto de iniciativas (revista, conferências, grupos de estudo) lançadas por Christine Caine há poucos anos, voltadas especificamente ao desenvolvimento, sob uma visão cristã, dos potenciais, paixões e propósitos de mulheres – tanto as que lideram nas igrejas como as que trabalham fora e as que cuidam dos filhos.