Passion
2017 –
Sessão 2 (3 de janeiro, 10h 15min,
Atlanta, EUA)
www.268generation.com
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A essência
mais profunda do mal[1]
Pregação por: John Piper
Baseado
em transcrição editada e traduzida por: Rodrigo
B.
Vocês podem orar comigo?
“ ‘Se
vocês, apesar de serem maus, sabem dar boas coisas aos seus filhos, quanto mais
o Pai que está no céu dará o Espírito Santo a quem o pedir.’ Então, Pai, eu
peço por mim mesmo, que eu seja cheio do Espírito Santo, e peço por esses
amigos aqui presentes, que o Senhor lhes dê ouvidos para ouvir, lhes dê visão e
entendimento, lhes dê capacidade para reagir adequadamente ao que ouvirão. Em
nome de Jesus, amém.”
Quero falar para vocês sobre a essência
mais profunda do mal. E, para que vocês não pensem que falar sobre isso vai ser
uma coisa abstrata... ou confusa, distante, teórica... o que estou querendo
dizer é: a essência do seu[2]
mal, da sua maldade. As coisas más que praticamos, você e eu, todos os
dias. As coisas que pensamos, os comportamentos que temos, as ações que
praticamos, todas essas coisas que chamamos de más, de maldade, de erros.
Maldades reais, tangíveis, espalhadas por todo o planeta.
Ou seja, nosso objetivo aqui é descobrir,
sobre o mal, qual é: a) sua essência; b) mais profunda. Por “essência”, eu
quero dizer o seguinte: distinguir entre a raiz do mal e o seu fruto, seu
resultado. Quero saber qual é a fonte de onde o mal flui, o que está por baixo
da superfície. Aquilo que está causando o mal. O que é que faz com que o mal
seja mal, no fundo, na raiz. E o que eu quero dizer com “mais profunda” é que
alcancemos realmente o fundo da questão. Que não haja mais nada por trás nem
por baixo, nenhuma outra causa oculta. Que consigamos ver a fonte real e
verdadeira que causa o mal. Se você conhece a essência mais profunda do mal, ou
seja, o que é, em última instância, o mal, você consegue identificá-lo em
qualquer situação que seja, não importando como ele se apresente na superfície.
Consegue saber o que faz com que o mal seja mal. É a essência mais profunda de
tudo aquilo que chamamos de mal.
Esse é o nosso alvo, é para lá que
estamos nos dirigindo. E vou dizer logo de cara o motivo. Afinal, por que falar
logo disso, dentre todos os temas possíveis para se falar...? Bom, eu sei onde
estou. Passion 2017. E eu sei quem lidera o Passion e com qual propósito. Por
20 anos, participar disso tem sido um dos maiores privilégios da minha vida. Eu
conheço – acho que eu conheço – o coração de Louie Giglio e de sua equipe,
aquilo pelo qual eles oram, anseiam e trabalham em toda geração de estudantes
universitários. É isto: “oh, Senhor, Seu nome e Seu renome, Sua fama, são o
desejo de nossa alma[3]”. A majestade de Deus, majestade esta capaz de
nos satisfazer plenamente – a majestade de Deus em Cristo, resplandecendo em
chamas ardentes por todo o mundo, por meio da paixão de vocês, paixão pela
beleza e valor insuperáveis e incomparáveis de Jesus Cristo. Esse é o propósito
do evento em que nós estamos.
Portanto, vou falar da essência mais
profunda do mal porque até que vocês saibam, até que vejam e odeiem isso em seu
próprio coração e no mundo, vocês vão inevitavelmente rebaixar e diluir a
majestade de Deus. Além disso, vocês vão também, inevitavelmente, minimizar e
diminuir o triunfo de Cristo na cruz e na ressurreição. E, em terceiro lugar,
se vocês não forem capazes de ver e odiar a essência mais profunda do mal no
próprio coração de vocês e no mundo, vocês vão dilacerar e esvaziar a glória da
vida cristã que agrada a Deus. O Passion gira em torno da majestade de Deus, do
triunfo de Cristo, da glória da vida humana – e, por isso, vocês precisam
conhecer e odiar a essência mais profunda do mal.
Esse é novo alvo e vamos fazer assim:
tenho 3 passagens das Escrituras. Quando eu terminar de demonstrar a essência
mais profunda do mal a partir desses textos bíblicos, vamos voltar e aplicar
isso às 3 coisas que mencionei: a majestade de Deus, o triunfo de Cristo e a
glória existente na vida cristã.
Primeira passagem: Jeremias, capítulo 2,
versículos 10 a 13. Vocês podem ler no seu celular, bíblia impressa ou
acompanhar na tela do estádio. Reparem no seguinte: com o que ele estava
horrorizado? ... Por que razão o universo deveria ficar espantado? ... Vamos
ler.
10: Atravessem o mar até o litoral de Chipre e
vejam; mandem observadores a Quedar e reparem de perto; e vejam se alguma vez
aconteceu algo assim:
11: Alguma nação já trocou os seus deuses? E eles
nem sequer são deuses! Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é
imprestável.
12: Espantem-se diante disso, ó céus! Fiquem
horrorizados e abismados", diz o Senhor.
13: "O meu povo cometeu dois males[4]:
eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva; e cavaram as suas próprias
cisternas, cisternas rachadas que não retêm água.”
Então Deus está dizendo que todo o universo, os céus e as galáxias, deveriam ficar horrorizados! Horrorizados! No versículo 11: “meu povo trocou a sua glória por aquilo que é imprestável”. Meu povo trocou a maravilha da minha glória por coisas que não têm valor algum. Eles trocaram a mansão nos Alpes por um barraco de papelão ao lado do depósito de lixo. E então, no versículo 13, esse estado de horror e choque causado pelo mal é dividido em 2 partes. Olhem só. O meu povo cometeu dois males: 1) eles me abandonaram, a mim, a fonte de água viva!; e 2) continuaram tentando cavar e construir cisternas que não conseguem reter a água! Ou seja, a glória que foi trocada no versículo 11 é chamada, no versículo 13, de “mim”! A fonte de água viva! Eles abandonaram a mim!
Portanto o primeiro grande mal, que
deveria deixar o universo abalado, é que Israel perdeu o gosto por Deus...!
Como se colocassem uma porção na boca e dissessem: não, eu não quero isso.
Simples assim! E o segundo grande mal, no versículo 13, é este: eles cavaram
cisternas para si mesmos, cisternas quebradas, rachadas, que não conseguem
reter a água. Então eles não apenas viraram as costas para a fonte da vida, da
alegria, da satisfação em Deus, como também todas as cisternas que estão
construindo nem sequer podiam reter a água! São cisternas quebradas! Ou seja:
não têm a fonte, pois o abandonaram; não têm cisternas que funcionam... eles
vão morrer! De sede!
A cisterna chamada “dinheiro” está
quebrada. A cisterna chamada “sexo” está quebrada. A cisterna chamada “família”
está quebrada; não importa quão preciosa ela seja, não pode funcionar como
cisterna, não pode reter água. A cisterna chamada “beleza, vigor, força física”
está quebrada. A cisterna chamada “sucesso” está quebrada. A cisterna chamada
“política” está quebrada. Nenhuma delas é capaz de reter a água da vida. A água
da alegria da alma.
Portanto, eis a pergunta: qual é a
essência do mal em Jeremias 2:11-13? Colocando as duas metades do versículo 13
juntas, eu responderia assim: a essência do mal é perder o gosto por Deus. ...
Ou, invertendo, olhando pelo outro lado da moeda: a essência do mal é preferir
qualquer coisa acima de Deus. Essa é a essência de todo o mal que há em vocês. É
de onde ele vem. É o que faz o mal ser mal, aquilo que o define como mal.
As cisternas rachadas que nós achamos
que são o mal são simplesmente resultados, são frutos! Não são a essência! A
essência é: [levando a mão à boca, como
se estivesse bebendo, experimentando algo] “eu não... Deus não me dá nenhum
prazer! Então pode trazer outras coisas para eu beber, obrigado!” Essa é a
essência do mal. Eu não aprecio, eu não me satisfaço, não desfruto, não gosto
mais de Deus. Ou talvez nunca tenha gostado. O que eu quero mesmo é uma
cisterna que possa reter o que eu quero reter!
Esse foi o texto número 1, aqui está o
segundo: Gênesis capítulo 3. Estou tentando testar a mim mesmo agora. Porque
isso que disse, acima, foi uma inferência a que eu cheguei a partir do texto de
Jeremias. Você pode testar e analisar se isso está condizente com o que o texto
diz ou não. Mas agora vamos pegar essa inferência geral e voltar, vamos testar
com o pecado original, o primeiro pecado que os seres humanos cometeram na
história do mundo. Qual a essência do primeiro pecado que a humanidade cometeu?
Porque esse é um bom lugar para testar uma coisa dessas. Um acontecimento
importante que chega até você. Você entra no mundo com esse pecado original.
Gênesis, capítulo 3, versículos de 1 a
6, vamos lá:
1: (...) [Satanás] perguntou à mulher: "Foi
isto mesmo que Deus disse: ‘Não comam de nenhum fruto das árvores do jardim’?
"
2: Respondeu a mulher à serpente: "Podemos
comer do fruto das árvores do jardim,
3: mas Deus disse: ‘Não comam do fruto da árvore que
está no meio do jardim, nem toquem nele; do contrário vocês morrerão’ ".
4: Disse a serpente à mulher: "Certamente não
morrerão!
5: Deus sabe que, no dia em que dele comerem, seus
olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal".
Agora, observem o versículo seguinte:
6: Quando a mulher viu que a árvore parecia
agradável ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para dela
se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu marido, que
comeu também e estava com ela[5].
Adão estava com ela! Ele foi conivente,
foi seu cúmplice desde o começo. É por isso que Paulo pode dizer o que diz,
vamos ver daqui a pouco.
Bom, nós conhecemos um pouco da
magnitude desse mal, desse momento na História. Porque em Romanos, capítulo 5,
versículo 12, Paulo diz que o pecado entrou no mundo por meio de um homem... e
a morte, por meio do pecado. Então a morte se espalhou para bilhões e bilhões e
bilhões de pessoas ao longo dos milhares de anos da história do mundo. Porque
todos pecaram. Você estava lá…! Você está lá... A magnitude desse mal,
portanto, é que: todo ser humano foi contaminado e arruinado pelo primeiro
pecado. Aquele pecado se tornou nosso. Você chegou ao mundo totalmente
preso por esse pecado. Agora: qual a essência dele?
Qual a essência mais profunda do
primeiro pecado, do pecado original que infectou o mundo inteiro? ... Satanás
disse nos versículos 4 e 5: “Certamente não morrerão! Deus sabe que, no dia em
que dele comerem, seus olhos se abrirão, e vocês serão como Deus, conhecedores
do bem e do mal.” ... Qual a essência
dessa tentação? Ainda não estamos na essência do mal, mas sim na essência da
tentação. Qual a essência dessa tentação? Eis a resposta: Deus está retendo de vocês uma coisa muito, muito boa. Essa é a
essência da tentação original, causadora da ruína da humanidade. É a essência
de todas as tentações! Deus vai impedir
que você tenha uma coisa muito boa, que te daria muita satisfação. Agora,
qual a essência do pecado, que vem a seguir? Você pode ver por si mesmo no
versículo 6.
Vamos ver. Qual é a dinâmica do pecado
de Eva, do pecado de Adão? “Quando a mulher viu que a árvore parecia agradável
ao paladar, era atraente aos olhos e, além disso, desejável para
dela se obter discernimento, tomou do seu fruto, comeu-o e o deu a seu
marido, que comeu também...”. Vou dizer essas 3 coisas de novo. Observem o que
está acontecendo no coração humano, que dá origem a um ato.
[com alegria:] Essa comida é muito boa! É
deliciosa, nutritiva, dá pra ver isso...!
[com raiva:] ...e ele não me deixa comer!!... Ele
não me deixa comer.
[com alegria:] Isso é lindo! Que agradável de
olhar...!
[com raiva:] ...e Deus quer que eu fique longe
disso!!
O que está acontecendo aqui no coração? O
nome disso é PERVERSIDADE! É a origem de toda a perversidade no mundo! [com raiva:] “Ele não me deixa comer! E é bom, é uma coisa que me satisfaz…”
Além disso, é algo muito desejável para me tornar sábio, com entendimento,
discernimento. Então temos aqui: 1.) delicioso; 2.) agradável; 3.) desejável;
4.) negado!
Então eles comeram. E o que isso
significou? Isso quis dizer o seguinte: NÃO ACEITAREMOS que nos neguem aquilo
que desejamos MAIS do que a Deus!
Qual foi, então, a essência do mal, em
seu início, no princípio da raça humana? Qual foi a essência da queda da
humanidade? Foi o ato de comer o fruto proibido? Não. Músculos na mandíbula, na
garganta, os dentes mastigando um objeto da realidade: isso não é a essência de
nada! Músculos não são a essência de nada. Ações humanas, envolvendo braços e
pernas não são a essência de nada. Vejam que, por exemplo, beijar é algo bom,
mas não é a essência do amor! Engolir o fruto proibido é algo mau, mas
não é a essência do que aconteceu aqui. Dá para ver, é muito claro. A
indignação moral, o horror que aconteceu aqui foi que Adão e Eva desejaram, desejaram,
DESEJARAM esse fruto mais do que a Deus! Essa é a essência do mal. Eles
se deleitaram mais naquilo que o fruto poderia ser para eles do que naquilo que
Deus poderia ser para eles. O ato de comer não foi a essência do mal, pois
antes que tivessem comido, já tinham perdido o gosto por Deus. E essa é a maior
afronta que existe no universo, de acordo com Jeremias. Eles preferiram alguma
outra coisa, e essa é a essência mais profunda do mal.
Agora, alguém poderia dizer (e eu mesmo
disse a mim mesmo): espere aí! Não seria a rebelião contra a autoridade de Deus
um problema mais profundo e mais primordial do que preferir o fruto e não a
Deus? Afinal, fui ensinado que eles desobedeceram, ponto final! Resposta: não! A
desobediência à ordem de Deus não é algo mais básico, não é mais fundamental,
não é mais profundo do que desejar algo mais do que a Deus. E eis aqui o motivo
por que eu enfatizo isso. Enquanto você entender que a essência do bem é a
obediência a mandamentos e que a essência do mal é a desobediência a
mandamentos, você nunca vai saber por que você faz o que faz. Você nunca
vai saber quem você é! Vocês nunca vão ver a grandeza da majestade de Deus,
nunca vão ver a plenitude do triunfo de Cristo, nunca saberão de que se trata a
glória da vida cristã. Se vocês apenas reduzirem o mal a desobedecer a mandamentos,
e o bem a obedecer a mandamentos, nunca entenderão essas coisas! Isso não é a
essência, essas coisas são resultados, frutos, são o transbordar desta fonte
imunda, que é: preferir qualquer coisa acima de Deus.
Vamos pensar nisso da seguinte forma. Eu
quero que vocês entendam! De um lado: obediência aos mandamentos de Deus. Do
outro: deleitar-se no caráter de Deus. Entenderam essas duas coisas? Obediência
aos mandamentos de Deus; deleitar-se em Deus, no caráter de Deus. Qual dessas
duas coisas é mais essencial? Ou seja: qual delas está na raiz da outra? ...
Deus pegou o deleite, a alegria, o prazer em Seu próprio caráter... e
transformou isso em um mandamento. Salmo 37:4: “Deleite-se no Senhor…”. Agora você tem um mandamento para sentir
aquilo, aquele deleite! Observem: Deus não pega coisas neutras (ou coisas ruins)
e as transforma em coisas boas ao fazer delas um mandamento! Por Sua própria
natureza, e Sua beleza suprema, e Seu supremo valor, é correto
deleitar-se nEle acima de todas as coisas – e é por isso que esse
mandamento existe. Percebem?! Deus não pega coisas neutras aleatórias, ou
coisas ruins, e diz: “ah, acho que vou transformar isso daqui em uma coisa boa!”,
e então apenas pega e cria um mandamento para aquilo. Não.
Oras, e a gente fica só nessa coisa
externa de “tenho que cumprir os mandamentos, isso é que é bom” – você nem sabe
o que “bom” e “bem” significam, se é isso o que você pensa sobre a moralidade.
O mesmo com o mal. De um lado,
desobedecer a Deus. Do outro lado, preferir outras coisas acima de Deus. Ele
pegou essa última e fez dela um mandamento: “não terás outros deuses além de mim”.
Vocês devem me considerar mais valioso que qualquer pessoa. Amem a mim
acima de qualquer pessoa. Jesus diz a mesma coisa. Quando Jesus diz: “Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim
não é digno de mim; e quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno
de mim.”. É uma ordem! Você tem que se deleitar em Deus, você tem que se
deleitar em Jesus, desfrutar de Jesus, se satisfazer em Jesus, mais do que você
se deleita em qualquer coisa. Esse é o mandamento. Agora, eu pergunto: Deus fez
com que o mal de preferir outras coisas ao invés de preferir a Ele mesmo... Ele
transformou isso em mal ao criar um mandamento contra isso? Não! Já era maligno.
Antes que houvesse qualquer mandamento, em qualquer lugar do universo, já era
MALIGNO preferir qualquer coisa acima de Deus. Apenas acontece agora de isso
estar na Bíblia, para nos ajudar, para sabermos que isso é proibido.
Então, não. A desobediência, ou a quebra
da Lei, não é a essência mais profunda do mal. Paulo coloca dessa forma em Romanos,
capítulo 3, versículo 20:
“pela lei vem o conhecimento do pecado.”
Ou seja, a Lei não faz com que o pecado
seja pecado. Ele já está lá! Em você, em mim! Está em nossos desejos! “Eu quero
outras coisas mais do que a Deus! Eu tenho mais prazer em estar com outras
pessoas do que com Deus.” Essa é a essência mais profunda do mal! E isso dá
origem a todo tipo de coisas más.
Mais um texto, o terceiro, para
verificar se estamos no caminho certo. Romanos, capítulo 3 (e capítulo 1). Um
texto muito conhecido em Romanos 3: o versículo 23.
“pois todos pecaram e carecem da glória de Deus”
...O que isso significa?... Paulo está falando
do pecado, abordando isso em relação a Deus, não em relação às outras pessoas.
Todos pecaram E carecem – não têm o suficiente, falharam em
atingir o esperado – da glória de Deus! É claro que o pecado machuca as
pessoas: o pecado destrói as pessoas, está destruindo o mundo! Entretanto, essa
não é a essência do pecado! Mais profundo e pior do que isso é que existe uma
preferência por nós mesmos e aquilo que nós queremos mais do que queremos a
Deus.
Mas, seria essa uma interpretação
correta de Romanos 3:23? Todos pecaram e carecem da glória de Deus. O que
significa carecer, nesse contexto? ... Eu acho que a melhor explicação para
Romanos 3:23 é Romanos 1:23. Fácil de lembrar: 1:23 define 3:23. Então quero
ler os versículos 21 a 23 de Romanos, capítulo 1. Procurem compreender a
explicação aqui. Paulo está falando sobre todas as pessoas, em todo o mundo:
21. porque, tendo conhecido a Deus, não o
glorificaram como Deus, nem lhe renderam graças, mas os seus pensamentos
tornaram-se fúteis e os seus corações insensatos se obscureceram.
22. Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos
23. e trocaram a glória do Deus imortal por
imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros,
quadrúpedes e répteis.
Repare o que diz o texto: as pessoas “trocaram
a glória do Deus imortal...”. Isso deve fazer você se lembrar de Jeremias 2:11,
que lemos no início. ... Portanto, a escuridão do mal é exposta aqui como sendo
a troca. Então, vamos imaginar que eu estou segurando aqui em minhas
mãos a glória de Deus como o meu tesouro (possivelmente)... e eu contemplo o
valor que isso tem, assim como sua beleza e todas as suas qualidades que trazem
satisfação à alma. Eu vejo todas essas coisas, analiso e digo: “hum... não. Quero trocar. Trocar por outra
coisa. Troco por aquilo que Deus criou. Qualquer coisa, boa ou má, não importa,
contanto que não seja Ele.” Quando Romanos 3:23 diz que todos pecaram e carecem
da glória de Deus, eu acredito que isso significa: todos carecem de ter a
glória de Deus como seu supremo tesouro, carecem de considerá-la de maneira
correta, conforme seu real valor. Pois é isso que Romanos 1:23 diz que nós
fazemos.
Ou seja, todos vocês nascem em um mundo
que está radiante com a glória de Deus. Os céus anunciam a glória de Deus!
Vocês vêm à igreja para exaltar Jesus Cristo como aquele que é supremamente
glorioso. E a essência mais profunda do mal é que vocês experimentam tudo
isso, sentem seu sabor, e vão embora preferindo outras coisas. Essa é a
essência mais profunda do mal.
Então aqui está minha conclusão. A
essência mais profunda do pecado, em Romanos 1, é o fracasso de não considerar
a glória de Deus o tesouro supremo, não considerá-la mais valiosa do que
qualquer coisa. A essência do mal, em Jeremias 2, é o fracasso de não
considerar a fonte de águas vivas como capaz de satisfazer mais do que qualquer
outra coisa no universo. A essência mais profunda do mal, no jardim do Éden, não
foi comer o fruto. O estrago havia sido feito antes disso. É a perda do
gosto por Deus como fonte de toda vida e alegria, como minha verdadeira
vida e minha plena alegria – e a consequente preferência por aquilo que “essa
árvore” pode me dar. Quero isso, mais do que quero a Ele. Essa é a
essência mais profunda do mal. Ponto final. A não ser que eu não entenda
absolutamente nada de Bíblia.
Você tem que decidir agora se você concorda
ou não com essas três exposições. Porque isso tem uma importância absolutamente
gigantesca.
Então, aqui estão nossas 3 aplicações,
para concluir.
Eu disse que o motivo pelo qual estou
falando disso no Passion é que até que você veja e odeie isso, que a essência
mais profunda do mal na sua vida é preferir qualquer coisa acima de Deus, até
que você veja isso, e acorde odiando isso, vá dormir odiando
isso... você vai diluir a majestade de Deus, diminuir o triunfo de Cristo e
dilacerar e esvaziar a glória da vida cristã. Então vamos tratar de uma de cada
vez.
Vamos pensar: por quê? Por que não
conseguir enxergar e odiar a essência do mal resulta em não magnificar a Deus?
Essa é a primeira aplicação. Resposta: porque a grandeza da majestade de Deus é
magnificada não em esforços vazios para cumprir mandamentos. Toda
religião faz isso. Isso não faz com Deus seja visto como excelente, apenas faz você
ser visto como uma pessoa de moral! Ao invés disso, a grandeza da majestade de
Deus é exaltada quando você se satisfaz nEle mais do que em outras coisas!
Especialmente quando você está sofrendo. E o que estou dizendo é: você jamais
vai dedicar sua vida a magnificá-lO, a mostrar ao mundo quão magnífico Ele
realmente é, até que você veja que a essência mais profunda do mal é o fracasso
em estar satisfeito em Deus. ... Eu me pergunto quantos de vocês têm tentado
ser “bons” sem prestar nenhuma atenção a isso – travando essa batalha apenas no
campo das boas ações, o tempo inteiro. “Ah,
você não pode fazer isso. O que você tem que fazer é isso aqui. E um pouco mais
daquilo. E um pouco menos daquilo outro...” Olha, Satanás está rolando de
rir, porque você está lutando em uma frente na qual é impossível vencer. A
batalha de verdade é aqui, no seu coração, no profundo do seu coração: O que
você ama? Qual o seu tesouro? O que faz com que você se sinta satisfeito,
saciado?... Você está lutando essa batalha?! A batalha que dá origem a tudo o que
é bom e que mata tudo o que é mau.
Ou seja, o Passion gira em torno da
majestade de Deus. E é por isso que tratar desse assunto é relevante. Vocês
nunca vão dar muita importância para a majestade de Deus até que vocês saibam e
odeiem isto: que a essência mais profunda do mal é preferir qualquer coisa
acima de Deus.
Segunda aplicação. O triunfo de Cristo. Até
que vocês conheçam e odeiem a essência mais profunda do mal em seu próprio
coração, vocês vão diminuir o que Cristo alcançou quando ele morreu e
ressuscitou. Vocês vão. Então, vamos pensar: o que foi que ele alcançou? A
gente não quer diminuir uma coisa dessas. O que foi que ele alcançou? Bom,
vamos fazer uma lista: o perdão dos pecados para o povo dele; a remoção da ira
de Deus sobre o povo dele; a vitória sobre a morte e sobre o diabo; a libertação
do inferno e do sofrimento eterno; a ressurreição de nossos corpos algum dia; a
cura de toda doença e deficiência física e mental; a entrada em novos céus e
nova terra... – ele adquiriu essas coisas! Está consumado! Todas as pessoas que
estão nEle possuem todas essas coisas.
Agora... não foi para isso, em última
instância, que ele morreu. ...Você me pergunta: “como você pode dizer uma coisa
dessas?!... perdão dos pecados, remoção da ira, vitória sobre o diabo,
livramento do inferno, ressurreição do corpo, cura de toda doença, entrada no
céu...”. Não foi por esses motivos que ele morreu! Não em última instância. Vejam
que 1 Pedro, capítulo 3, versículo 18, diz o seguinte:
“Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos
injustos, para levar-nos a Deus.”
Para que pudéssemos ver a Deus,
conhecê-lO, nos alegrarmos nEle, nos deleitarmos em um relacionamento com Ele,
tê-lO como nosso tesouro, para que pudéssemos refleti-lo... Quero dizer, você
já parou para pensar nisto: por que você quer perdão para os seus pecados? ... Por que você quer que a ira seja
removida? Por que você quer que a justiça seja imputada a você? Por que você
quer escapar das garras do diabo? Por que você quer ser resgatado do inferno?
Por que você quer um corpo novo e perfeito? ... Repare que existe uma maneira
condenável de se responder a essas perguntas! “Oras, quem é que não quer essas coisas?!” Percebam, você não
precisa ser salvo para querer essas coisas! Só um idiota não iria querer
escapar do inferno. Idiotas não são cristãos. Mas, então, para que servem todas
essas coisas que Cristo alcançou para nós? Todas elas são para nos levar para
Deus! A razão pela qual ele morreu, em última instância, foi para nos levar
a Deus – e todas essas outras coisas são meios que possibilitam essa razão mais
profunda. Essas outras coisas tiram obstáculos do meio do caminho, fazem com
que seja possível permanecermos de pé em Sua presença; Ele quer nos levar a
Deus, em cuja presença há plenitude de alegria e em cuja destra há
delícias perpetuamente[6].
Vocês jamais vão ver e saborear isso como o mais profundo triunfo da cruz de
Cristo se vocês não reconhecerem e odiarem que a essência mais profunda do mal na
vida de vocês é preferir qualquer coisa acima de Deus.
Finalmente, a terceira aplicação.
Então, já falamos sobre a majestade de
Deus e por que é necessário conhecer a essência mais profunda do mal se você
vai realmente se importar com a majestade de Deus. Falamos também do triunfo de
Cristo e por que você precisa saber sobre a essência mais profunda do mal, para
não diminuir o triunfo de Jesus, fazendo disso apenas um meio para se livrar do
inferno ao invés de um meio para chegar à presença de Deus, com alegria e
satisfação. ... Percebam, vocês nunca vão chegar a esse ponto, nunca amarão o triunfo de Cristo pela razão mais profunda e preciosa, nunca celebrarão essa vitória, nunca cantarão sobre isso, nunca falarão disso para outras pessoas, pelo motivo mais profundo, mais precioso – não por essas outras razões (que são reais), mas por essa grande e definitiva razão. Jamais farão isso até que odeiem o fato de não serem assim. De fato: ninguém é,
não sem um milagre.
Tendo tudo isso em vista, portanto, o
que eu quero dizer com a terceira e última aplicação? Se você não enxergar e
odiar a essência mais profunda do mal, ou seja, a preferência por qualquer
coisa acima de Deus, você vai dilacerar e esvaziar a vida cristã da glória que
ela tem. Vai esvaziá-la de tudo o que torna a vida cristã bela aos olhos de
Deus, agradável para Deus, verdadeiramente bela no próprio mundo. ... Uma das
coisas de que gosto muito no Passion é que celebram um Deus majestoso, santo,
glorioso, justo, cheio de beleza, assim como seu Filho, por meio do Espírito. E
isso é desenvolvido nas letras das músicas e em vários projetos voltados para
um mundo que está cego em relação a essas coisas, de modo que vocês se tornam,
para o mundo, uma visão dessa verdade gloriosa. As coisas se encaixam. É disso
que estou falando.
Por que é, então, que você não pode ser
esse tipo de cristão até que você veja e odeie a essência mais profunda do mal?
... Há enorme pressão sobre vocês nos dias de hoje. Sobre todos nós. Mas vocês
são uma geração saturada pela mídia. Há enorme pressão para que vocês pensem
sobre o que é “bom”, o que é o “bem” [realmente
fazendo sinal de aspas com as mãos]. Vejam por vocês mesmos se isso não é
verdade. Existe grande pressão para que se pense em “bem”, o oposto do mal, de
maneiras que não estão nada relacionadas a Deus. É só pensar consigo mesmo em
coisas que são consideradas boas: “eu considero
isso bom, aquilo bom, aquilo outro bom”... e repare que Deus nem atravessa
seu pensamento nesse processo de classificação. Assim também no mundo, o mesmo
ocorre. Então você pode eliminar Deus da questão, eliminar o Filho de Deus.
Pode eliminar um coração dependente de Deus, um coração que se deleita em Deus
– pode eliminar tudo isso, afinal, são coisas desnecessárias para a definição
de “bom”, de “bem”. As coisas ainda são classificadas como boas sem nada disso.
Ouçam, contudo, o que Paulo diz em
Romanos 14:23: “tudo o que não provém da
fé é pecado”. Isso é devastador, para todos no mundo. Qualquer que seja a
ação, qualquer que seja o comportamento, se não provém da fé, é pecado. A carta
aos Hebreus coloca a questão desta forma no capítulo 11, versículo 6: “Sem fé é impossível agradar a Deus”.
... Então, nesse último ponto, estou pensando: “ok... qual é a glória da vida
cristã?”. Paulo e o autor de Hebreus estão dizendo o seguinte: a sua vida é
apenas pecado, sua vida é apenas desagradável aos olhos de Deus, a não ser que
haja fé. E o significado de “fé” é reconhecer e tomar para si a verdade que Deus
é supremamente valioso, mais do que qualquer coisa. ... Não reduzam “fé” a
meras afirmações de frases que o próprio Satanás sabe que são verdadeiras. Fé é
receber e abraçar para si mesmo tudo aquilo que Deus é para nós em Jesus, com
um contentamento cheio de paz e profunda alegria e deleite por isso. E Paulo e
o autor de Hebreus estão dizendo que, onde isso não acontece, a vida é má aos
olhos de Deus. É pecado. Não dá para ser mais radical do que isso. A maioria de
vocês provavelmente não acredita nisso. Sem fé, você não consegue agradar a
Deus.
Qual era a essência mais profunda do
pecado dos fariseus? Eles devoravam a casa das viúvas; desprezavam os
pecadores; distorciam a Lei; exploravam os pobres; não sentiam misericórdia; negligenciavam
a justiça; assassinaram o Filho de Deus... isso tudo representa a essência do
mal deles? Não... a essência do mal dos fariseus é que eles amavam o dinheiro! Está
escrito em Lucas 16:14. E, em segundo lugar, eles amavam o louvor dos homens!
E, a partir dessa latrina, dessa fonte subterrânea repleta de esgoto – ou seja,
da preferência pelo louvor dos homens e por aquilo que o dinheiro pode comprar,
a preferência por tudo isso ao invés da preferência pelo Deus da graça –, todas
as coisas malignas surgiram na vida deles. Coisas que, atualmente, odiamos. Mas,
agora, como conclusão, será que nós conseguimos ir a fundo em nós mesmos,
em nosso coração? Você pode olhar para o fundo do seu próprio coração? Você vai
chegar até a raiz daquilo que é a raiz mais profunda do seu mal?
Vou encerrar com um resumo. A essência
mais profunda do mal é a perda de gosto por Deus como Aquele que é nossa vida e
nossa alegria plenas, vida e alegria capazes de nos saciar completamente. Ou, o
outro lado da moeda: a essência mais profunda do mal é uma preferência por
outras coisas acima de Deus: preferir outras coisas, outras pessoas, qualquer
coisa criada. Essa é, biblicamente, a essência mais profunda do mal.
Então, estou suplicando a vocês que tenham
uma determinação sólida e resistente como rocha contra essa essência mais profunda
do mal. Eu quero que vocês saibam disso e odeiem isso a respeito de si mesmos,
a respeito do mundo, a respeito de mim. Também estou pedindo a vocês, estou
argumentando nesse sentido e vou orar por vocês – que passem o restante de suas
vidas crescendo neste êxtase adquirido pelo sangue de Cristo, ou seja, no
enlevo, no arrebatamento, no intenso entusiasmo de se ter Deus como seu supremo
tesouro, acima de todas as coisas. Então, de um lado, odeie a essência do mal
em seu coração. De outro, dedique-se a ir a Cristo e a abraçar para si, abraçar
para si a alternativa à essência mais profunda do mal, ou seja: “Vou encontrar meu tesouro em Cristo,
acima de todas as coisas”. Se vocês fizerem isso, então a majestade de
Deus será magnificada em sua alegria e deleite em Deus. E, se fizerem isso, o
verdadeiro e mais profundo triunfo de Cristo em sua morte e ressurreição não
será diminuído, mas sim destacado com grande importância, conforme ele se
cumpre em sua alegria e deleite na presença de Deus. Além disso, sua vida humana
vai brilhar no mundo com o brilho de mil obras verdadeiramente
boas.
“Pai, faça isso, em minha própria vida.
Tenho 70 anos e desesperadamente preciso disso. Faça esses jovens perceberem
que nunca vão superar a necessidade de guerrear, de odiar o mal que há neles
próprios, e de aceitar e abraçar para si mesmos aquilo que é a obra do seu
Espírito Santo, comprada pelo sangue de Jesus, ou seja: uma vida de satisfação
em Ti acima de todas as coisas. Oro em nome de Jesus. Amém.”
Vídeo e áudio da pregação podem ser encontrados integralmente, em inglês, em: http://www.desiringgod.org/messages/the-ultimate-essence-of-evil . No mesmo endereço, há uma versão resumida (em formato de artigo) escrita em inglês.
[1]
Nota do editor: o título é uma adição minha; originalmente sem título.
[2] Nota
do editor: o uso de sublinhados é uma tentativa de transmitir ênfases na
entonação do preletor.
[3]
Nota do editor: o preletor está se referindo ao lema do movimento Passion, baseado
em diferentes traduções de Isaías 26:8.
[4]
Nota do tradutor: em sua maioria, as bíblias em português parecem traduzir este
termo hebraico como “maldades”. A Almeida Revista e Atualizada o traduz por
“males”. A NVI e a Almeida Século 21 apresentam traduções um pouco diferentes,
“crimes” e “delitos”, respectivamente. A passagem em português, como um todo,
foi retirada da NVI, mas optou-se aqui por trocar a tradução deste termo
especificamente em favor do utilizado pela Almeida Revista e Atualizada. Com
isso, a passagem como um todo se aproxima mais claramente da intenção do
preletor e da versão em inglês que John Piper está usando. Naquela versão,
assim como na maioria das versões em inglês, o termo é traduzido como “evils”,
fazendo conexão direta com o ponto central da mensagem: the ultimate essence of evil, a essência mais profunda do mal (ou
maldade). De maneira semelhante, optou-se também por trocar o trecho final do
versículo 11: adotou-se o fraseado da Almeida Século 21 (semelhante à maioria
das traduções em português e inglês), ao invés da tradução da NVI (que
apresentava: “Mas o meu povo trocou a sua Glória por deuses inúteis.”).
[5]
Nota do tradutor: o trecho final desse versículo (“e estava com ela”) não
aparece nas grandes traduções em português da Bíblia, exceto sob a forma de
nota de rodapé: há uma na NVI indicando que o trecho poderia ser traduzido
dessa forma também. A vasta maioria das traduções em inglês, entretanto, segue
outro caminho e inclui o trecho no próprio texto bíblico. John Piper segue esse
mesmo caminho em sua tradução. Essa dupla possibilidade de tradução decorre de
particularidades do idioma, segundo sugere o professor de hebraico Lucas
Nascimento, da Faculdade Teológica Batista de São Paulo. A frase poderia, em
uma leitura inicial, ser interpretada de duas formas, pois o termo equivalente
a “com ela” pode significar que Adão estava
com Eva ou pode apenas estar indicando, nesta frase, que Adão também comeu do
fruto.
[6]
Nota do editor: ele está fazendo referência a Salmo 16:11.
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